No “front” da guerra Amanheço, ainda nos primeiros cantos dos bem-te-vis, catando notícias da guerra da Bolívia com o Brasil. Acesso à internet tentando ver as tropas bolivianas descendo dos altiplanos da Cochabamba pelas trilhas que vão dar em Puerto Saurez. Do lado de cá, pela margem esquerda do Rio Paraguai, estão as tropas brasileiras acantonadas pelos arredores de Corumbá. Imaginação. Só imaginação. Nada disso encontrei no noticiário, nas manchetes dos jornais, tirando a declaração óbvia do governo brasileiro que “reconhece a soberania da Bolívia”. Ora paicas... Lula sempre Lula. No meio da tarde ele diria, falando de novo: “Crise? Que crise? Não há crise com a Bolívia”. Bom, mais adiante dou de cara com a primeira manifestação da esquerda brasileira. Vem do Sindicato dos Petroleiros do Estado de São Paulo, colocando-se a favor do decreto do presidente Evo Morales: “A posição dos trabalhadores é de apoio integral à decisão do presidente boliviano em nacionalizar as reservas de petróleo e gás natural daquele país”. Pronto. Era o que estava faltando na esquerda brasileira em assumir essa posição clara. O PT de Lula sempre defendeu que o Estado brasileiro nacionalizasse as nossas riquezas naturais e transformasse em estatais todas as empresas estrangeiras que atuassem no Brasil. A Bolívia copiou o Brasil do PT.Logo em seguida leio o artigo de Elio Gaspari, “A diplomacia do trivial delirante”. Está no Globo. Por enquanto é a melhor coisa da guerra entre as duas potências sul-americanas. Já começa com todas as baterias disparando de uma vez só:- É do chanceler Celso Amorim o qualificativo “Nosso Guia” para designar a clarividência diplomática de Lula. Bajulá-lo, elevando-o à condição de líder mundial, faz parte do ritual de oferendas-companheiras. O senador Aloizio Mercadante, por exemplo, escreveu que “não há líder no planeta que não queira se reunir com ele para trocar idéias e percepções sobre a construção do futuro. Em nossa região, a maioria dos chefes de Estado busca seu conselho”. Será que esse foi o caso Evo Morales?Continua Elio Gaspari:- O pior é que Lula acredita nessas coisas. Rege uma política externa esportiva no método, exibicionista no ritual e desastrosa nos resultados (...) O Brasil se distanciou de quem deveria se aproximar (Argentina e Chile) e se aproximou de quem devia se distanciar (Venezuela e Cuba). Perdeu tempo com países inúteis (Namímbia e Gabão), e oportunidades com aliados tradicionais (Uruguai e Paraguai).E indo no mesmo galope:- Quando o secretário de Estado George Marshall chamou o embaixador George Kennan para planejar a recuperação da economia européia, pediu-lhe: “Evite as trivialidades”. Lula faz o contrário: persegue uma autoglorificação trivial. Meteu-se a cabo eleitoral na eleição boliviana e se associou a Evo Morales, que confisca o patrimônio de empresas brasileiras. Decidiu capturar a presidência da Organização Mundial do Comércio e seu chanceler desqualificou o candidato uruguaio. Atropelou na direção de uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU e até hoje está em pé. A diplomacia fominha estimulou a galhofa do presidente argentino Nestor Kirchner, para quem Lula tinha candidato até a Papa. (Era D. Cláudio Hummes).O artigo de Elio Gaspari passa ainda pelo “imposto contra a pobreza”, outra idéia “luminosa” de Lula, pela descortesia com a Argentina, pelo fracasso do Mercosul, os calotes da cleptocracia africana até a “irresponsável dependência” ao gás boliviano.
Tribuna do norte.
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