Coincidências...

Concordo totalmente com o ministro da Justiça Tarso Genro. Foi apenas uma coincidência o afastamento do delegado Protógenes Queiroz das investigações da "Operação Satiagraha". As coincidências foram inventadas exatamente para coincidir.
Não se pode fazer prejulgamentos pelo fato de uma chateação no governo e na direção da PF com a revelação do nome de Luiz Eduardo Greenhalgh e outros amigos de Luiz Inácio envolvidos no esquema Daniel Dantas. Foi só coincidência.
Greenhalgh fazia lobby para o banqueiro baiano e buscava facilidades no Planalto com gente do próprio Luiz Inácio, como Zé Dirceu, Gilberto Carvalho e Dilma. Se o esquema chegou perto do presidente não significa sua participação. É só coincidência.
No meio do tumulto causado com a prisão e soltura de Daniel Dantas, a reunião urgente entre três grandes autoridades, ontem, não teve nada de estranho. Ora, é normal um papo pacífico e providências republicanas entre Luiz Inácio, Gilmar Mendes e Tarso Genro.
As coincidências não podem levantar suspeitas contra o governo Lula. Até poucas semanas atrás, os petistas adoravam falar no caso Opportunity e sonhavam com o destrinchar do esquema. Jornalistas chapas-brancas tinham certeza que Daniel Dantas operava apenas na oposição.Por coincidência, a PF descobre uma presença ostensiva do lobby do baiano por tudo que é banda do governo, debaixo de birôs e tapetes do Planalto. De repente, a base aliada de Lula na Câmara não quer que os envolvidos deponham na CPI das Escutas. Que coincidência!
José Dirceu, ministro e amigo de Lula, chefiou o mensalão com o dinheiro de Dantas. Se o presidente nada sabia, é apenas coincidência. Luiz Gushiken, ministro e amigo de Lula, andou pelo esquema. O presidente nada tem a ver com isso, coincidência não é prova de nada.
Gilberto Carvalho é amigão, secretário e confidente do presidente da República. Seu nome apareceu no caso Celso Daniel, o de Lula não. Gravaram suas estranhas conversas com Greenhalgh, o que de jeito nenhum compromete Lula, coincidentemente ali pertinho das coincidências.
Boa parte da vida privada de Luiz Inácio ele deve ao amigo e compadre Roberto Teixeira, que lhe deu casa no tempo em que o PT e o sindicato davam comida e roupa lavada. Teixeira está até a sola do sapato no esquema DD, mas Lula não está. Entendam que é só uma coincidência.
O PT já protagonizou mais de uma dúzia de escândalos durante o período dos dois governos Lula, além das prefeituras do partido espalhadas pelo país. Sempre que a lama se aproxima do Planalto, a mídia publica uma pesquisa decretando a popularidade do presidente. Nada mais apropriado do que a mídia, quando bem abastecida, para legitimar a tese da coincidência. Como no caso do agrado que recebeu o filho de Lula na sua pequena Gamecorp, que virou um grande negócio numa parceria com a Telemar. Foi uma baita coincidência.
Um petista com dólares na cueca, envolvimento de um ex-presidente e deputado do PT, outro escândalo em andamento e, vapt, agentes federais invadem a Daslu, templo do consumo das elites. O lobby de Dantas no Planalto e, vupt, invasão à casa do milionário Eike Batista. Tudo coincidência.
É realmente uma coincidência a pressão da base aliada para que os citados na "Operação Satiagraha" não compareçam à CPI. Na agenda de Humberto Braz, capataz de Dantas, há nomes como Marcos Valério, Duda Mendonça, Zé Dirceu, Roberto Teixeira, tudo gente boa e amiga de Lula, só espero que não apareça nenhum engraçadinho acusando o bloguista de insinuar a cumplicidade do presidente. O fato de ter amigos aloprados e ignorar seus crimes, não faz de Lula um chefe ou cúmplice. E se deixei brechas para se desconfiar do nosso grande estadista, foi apenas mais uma coincidência.