terça-feira, 2 de agosto de 2005
Agosto.
As datas de agosto Costumam acontecer coisas em agosto que arrepiam. Basta lembrar a bomba atômica em Hiroshima, se quisermos ficar no cenário internacional. Mas se abrirmos a cortina para a cena brasileira, temos então em 1954 o suicídio de Getúlio Vargas e, sete anos depois, a renúncia de Jânio Quadros. Duas tragédias verde-amarelas, que ainda repercutem na alma do brasileiro. Foi num final de agosto, era o dia 27, que o general-presidente Costa e Silva teve o primeiro sinal da trombose que o afastaria do governo e o mataria em dezembro, Assume uma junta militar. Estamos no ano de 1969. Vinte e três anos depois, já andando pelas veredas da Democracia e ainda no navegar de um outro agosto, o Congresso Nacional, em tempos de efervescência política, resolve decretar o processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Melo. Com o mar de lama já fazendo marolas no seu gogó, ele renuncia a presidência da República Um alívio. Começamos ontem a travessia de um novo agosto. Há uma crise moral profunda e o governo e a classe políticas metidos nela até o pescoço. Hoje em Brasília, um dos principais astros desta ópera, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu vai se apresentar no tumultuado palco do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Seu depoimento poderá determinar novos rumos por estes abrolhos traiçoeiros, quando os ventos já anunciam próximas cassações, inclusive a dele, mas que poderão ser evitadas pelo alçapão da renúncia de mandato, como fez ontem o deputado Waldemar Costa Neto, presidente do PL, acusado pelo deputado Roberto Jefferson de ter organizado o “mensalão” no seu partido. Ainda ontem o publicitário Marcos Valério, o operador do mensalão, avalista do PT e responsável pelos vultosos empréstimos bancários ao partido do Governo, encaminhou à Procuradoria Geral da República um pedido de “delação premiada”, figura jurídica que o beneficiará com uma diminuição de pena se contar tudo que sabe. Ele estaria disposto a contar. Agosto está apenas começando.
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