quinta-feira, 12 de janeiro de 2006
Pedro Januário no ocaso do cangaço
“Só falta matar um”
Escondido no sertão do Ceará, Pedro Januário de Lima conta a sua história de cangaço nas caatingas do Rio Grande do Norte.- Muito cabra da peste já ficou estirado pelas moitas, mas eu continuo vivo.
Pedro tem vários buracos de bala pelo corpo e um lado da bochecha atrofiado pelos tiroteios que já enfrentou. Atira com as duas mãos, tem boa vista e não conversa muito com ninguém.- Só termino minha história quando buscar o camarada que matou meu irmão, no Rio Grande do Norte. Os dias dêle ’tão contados, graças ao meu São Benedito.
Pedro Januário soletrava os dez mandamentos para matar. Misturava o rosário com o gatilho, mas não era um assassino profissional. Vamos vê-lo aqui, ao longo de sua história de pólvora e peixeira, na base da fala mansa e fria.
Suas costas parecem até uma cartucheira, de tantas marcas de bala. No canto direito da bôca uma 38 lhe rasgou parte da bochecha, até quase a ponta da orelha. Vai mostrando as cicatrizes e, para cada uma, tem a narrativa matuta de cabra macho.
Era festa no Riacho Fundo, pedaço de sertão conflitado. Pedro Januário, nos confins de 1940, montado num cavalo fogoso chegava e apeava de peito pra frente. As cabrochas gostavam do seu tipo de rei, cabra da peste respeitado.
Continua...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário