Que ser humano sou eu que estou com pena da Suzane? Só eu achei desnecessária a postura totalmente tendenciosa da Rede Globo? Não creio que um ser humano que deseja a morte dos próprios pais seja um ser humano feliz. Muito menos se esse desejo é realizado, desmascarado e marcado a ferro em sua pele para o resto de sua vida. Vida esta que já não existe.
"Sou a favor da pena de vida. Se o sujeito cagou, pisou na bola, tem que responder aqui, não pode cair fora", canta Pedro Luís. Suzane paga a pena de vida nos olhares e julgamentos. Julgamentos esses que ela merece sim, e que deve desembocar em uma pena severa sim. Mas ela não precisa que o Fantástico a humilhe ainda mais. Zeca Camargo e Cia neste domingo chutaram um cachorro morto. Desnecessariamente. Ela já está pagando caro por tudo o que fez. O pior castigo para ela é estar livre e ter de sair à rua vez ou outra para comprar pão. E encarar o olhar da garota do caixa. E ser paquerada na balada e ter de se apresentar como Suzane. Qual Suzane? Aquela que mandou matar os pais. Suzane já está morta. Morreu há três anos. De lá pra cá é um Judas odiado por toda a nação. Malhado até.Judas. Vejam só. Cumpria ordens divinas. Sempre desconfiei. Estou com pressa. Entregue-me logo para que eu possa salvar esse povo logo. Uma jogada milimetrada. Você me entrega, me beija, eu morro, ressuscito, entro pra história, você vai ser malhado um bom tempo mais depois supera. No dos outros é refresco. Mas perdoai: eu não sei o que digo.Quem sabe o que diz são as publicações de direita. E a respeito de Guy Fawkes, o Judas britânico. Chamaram V de Vingança de B de Besteira. E usaram como argumento o ideal defendido pelo filme. Não concordo com uma única palavra de nada do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de fazer um filme a respeito delas. Dizer se um filme é bom ou ruim passa longe de dizer se o ideal por ele defendido é nobre ou não. Tanto que sou contra o crime organizado, mas adoro os filmes de Tarantino e o primeiro Poderoso Chefão. V queria a revolução. A mídia está longe dessa vontade. Acompanhei as notícias sobre os recentes protestos na França, impressionado com a articulação dos franceses. E o povo venceu. Não deixaram os políticos aprovarem uma lei que lhes desagradava. Já imaginou se conseguimos tal feito no Brasil? Seríamos um pouco mais respeitados. Os deputados pensariam duas vezes antes de dançarem em frente às câmeras.No entanto, os comentaristas políticos disseram que a atitude do povo francês apenas contribuiu para o atual atraso econômico vivido pela França. Os argumentos são até interessantes. Mas, em sendo uma democracia, o poder pertence ao povo. E se o povo não quer, sua vontade há de ser atendida. Após 11 meses o mensalão termina em pizza, enquanto o Brasil se emociona com um militar que planta feijões no espaço, custando aos cofres públicos uma quantia que garantiria ao Brasil 150 doutores formados nas melhores universidades do mundo, e se enfurece com uma assassina que finge chorar a mando de um advogado que agora tem muita explicação para dar. Podíamos estar nas ruas obrigando o governo a nos devolver o poder que de direito é nosso, mas há muito não vemos. Mas não... Estamos na frente da TV, malhando o Judas e agitando a bandeira.É... Dá menos trabalho. E é mais divertido.
sexta-feira, 14 de abril de 2006
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