Por Ugo Vernomentti,
Publicado no Jornal de Hoje.
Meu prezado e estimado colunista de província. Daqui do alto da cobertura retrô do Gramercy Park Hotel, onde hiberno há zil anos desde que deixei o Brasil por vergonha de ir aos estádios e aos plenários do Poder Legislativo, remeto esse rascunho pela via virtual da internet.Só para informá-lo que resolvi encerrar por uma ou duas temporadas o exílio lúdico e etílico aqui na grande maçã de Donna Karan e Alfredo James Pacino. Quero voltar ao Brasil e seguir carreira no mais lucrativo dos empregos que a economia nacional produziu. Chego aí no natal e começo a armar presépios e presepadas para o início da minha trajetória política, que espero iniciar em 2008 como prefeito de Ponta Negra e depois, em 2010, como deputado federal em Brazília (é assim com Z ou com $). Meu português contaminou-se com os mexicanos e jamaicanos.Vou me dedicar com afinco ao novo emprego. Soube aqui que muita gente lisa dos anos 60 e 70 amealhou fortuna vendendo ideologia em módicas prestações. Já soube pelo pessoal do Manhattan que o Franklin Martins mudou de hábitos e o Lula mudou os dentes. Espero mudar o metabolismo, sem precisar de comprimidos azuis.Minha plataforma de trabalho será como uma plataforma de lança-mísseis. Vou combater com bravura a onda de atraso nessa incompetente América católica. Vou ser igual a máquina de moer cana, vomitando na mesa do Congresso e nas comissões projetos de leis revolucionários, para tirar o Brasil da burrice esquerdofrênica.
Pra começo de conversa e de campanha, quero acabar com o voto obrigatório, com o voto analfabeto, com o voto adolescente, com o voto senil, com os devotos das muitas santas e pastores. Quero por fim ao horário gratuito e instituir o horário comercial, tudo dentro da tabela de mídia.Quero combater a campanha política com dinheiro público. Quem quiser formar partido político vai ter que rebolar em busca de apoio da sociedade. Apoio no sufrágio e nas doações financeiras. Quem tiver dinheiro e militância, compra espaço na imprensa, quem não tiver vai procurar outro emprego no Sine.Quero aprovar leis que proíbam o Estado de meter as garras na vida privada, e uma outra que proíba a vida privada de multiplicar riqueza com as tetas do Estado. É urgente fiscalizar para que os impostos sejam aplicados em obras essenciais, como saúde, segurança e educação. Nada de grana para fundo partidário ou para serviços terceirizados.Uma lei que obrigue todo político eleito a não adquirir automóvel cabine dupla antes de dois anos de atividade, a não se mudar do bairro antes de encerrar o mandato, e a não trocar a esposa por uma loura antes da pesquisa boca de urna. E que todo vereador recém-eleito seja obrigado a ler duas orelhas de livro por semana.Quero acabar também com essa vidinha inútil aqui em Nova York. Como estou há três décadas sem fazer nada, sem viajar pelo mundo, sem tomar bons drinks, sem comer ninguém, sem esbanjar frescura, quero pelo menos fazer o trivial que todos em Brazília negam fazer. Vou me dedicar ao emprego.
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