segunda-feira, 4 de setembro de 2006
Espetáculo deprimente
Em jantar recente com o presidente-candidato Lula da Silva no Rio de Janeiro, alguns artistas reconhecidos também pela ativa participação na vida política brasileira brindaram o país com afirmações chocantes, reveladas pela imprensa.O ator Paulo Betti declarou que "não dá para fazer política sem botar a mão na merda". Seu colega José de Abreu não deixou dúvidas: "como é que você vai conversar com alguns deputados que só pensam em dinheiro?". O produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto defendeu que "se o fim é nobre, os fins justificam os meios". Por seu turno, o estupendo maestro Wagner Tiso tocou a mais degradante melodia da sua carreira: "não estou preocupado com a ética do PT. Acho que o PT fez um jogo que tem que fazer para governar o país".O maestro e seus colegas dessa orquestra bizarra estavam se referindo logo ao partido que passou 25 anos pregando a ética como seu principal pilar de sustentação. Que encantou muitos de nós, que nos levou às ruas em momentos memoráveis, que nos fez insistir até inundar as urnas de vermelho. Vermelho esse que está sendo acintosamente jogado no lixo, de tão sujo que foi tornado ao contato com o ar seco de Brasília.Eu tenho pensado muito a respeito desse ópio que tomou conta de boa parte do país, que anda cegando as pessoas para o óbvio. Tenho me assustado com amigos esclarecidos vociferando situações imaginárias de um nirvana político sem pés nem cabeça. Não é possível que a sós, diante do espelho, não estejam morrendo de vergonha e ainda insistam na própria fantasia de que estamos a dois passos do paraíso.Não quero ver ninguém linchado em praça pública, mas sinto uma nesga de esperança quando ouço e leio a respeito dos novos passos moralizadores da Procuradoria Geral da República, TSE, Ministério Público e TCU. Espero não estar respirando ares alucinógenos, que pelo menos essa parte seja verdade.
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