Agora quem quer espetacularizar a pândega República sou eu. E pra começo de conversa, afundado em premeditada redundância, lanço minha "Operação Protogenia", para prender os que considero ícones da gênese da safadeza nacional. Ora bolas (e percentuais propinabolantes), se os bolcheviques tiveram a proto-revolução, coube aos cleptopetistas a proto-corrupção, a inovação dos deslizes éticos e das práticas criminosas nos subterrâneos patrióticos da administração pública.
Quero trocar de espetáculo, substituir invasões de shopping de dondocas por visitas de supetão aos aposentos presidenciais, buscas em apartamentos de bacanas por espiadelas em saletas de sindicalistas, apreensão em casas de banqueiros por solapadas em apês de aloprados. Não deixarei que desviem mais minha atenção. Como fez dia desses o Jornal Nacional. Parecia enterro de papa, uma cobertura com a emoção de desfecho de novela das oito. Ilze Scamparini (argh...) narrando a trajetória de Cacciola como se rezasse em Roma.
Quero duas dúzias de agentes federais, com o suporte de uma câmera de TV e dois celulares filmando tudo, adentrando a empresinha do Lulinha, não o do Corinthians e sim o do filho do corintiano ilustre, o nosso excelentíssimo protonotário. Exijo prisão preventiva para os corruptos Zé Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, Duda Mendonça, Marcos Valério, Professor Luizinho... Vamos grampear Dilma Rousseff, Tarso Genro, Franklin Martins e outros amigos do Luiz Inácio. Quero algemas nos punhos de Luiz Eduardo Greenhalgh, José Eduardo Cardozo, Gilberto Carvalho, Roberto Teixeira, Mangabeira Unger, Luiz Gushiken e Evanise Santos, todos citados na "Operação Satiagraha" e muito íntimos do Luiz Inácio.
Na protogênese do meu espetáculo, desejaria nomear arapongas israelenses para espionar todas as campanhas do PT neste 2008 e agentes colombianos com cidadania americana para escutar ilegalmente as reuniões no gabinete da Presidência e nas diretorias da Petrobras.E, enfim, derrubarei minhas últimas e raras gotas de suor e lágrimas na elaboração de um projeto de intervenção pirata nas televisões nacionais. Tudo para garantir ao povo brasileiro completa e fidedigna cobertura no caso Daniel Dantas, sem escamoteações. Só serão exibidas matérias bem Opportunystas, nada de disfarces com Eike Batista, Cacciola, Daslu, menina morta, jovem sequestrado, favela invadida, viagem de Ronaldinho, gols da rodada, pesquisas CNT/Sensus e jogos ou negócios da China.
Se a safadeza oficial pode patrocinar espetáculos como cortina encerrando um teatro de absurdos, eu também quero um ato espetaculoso com os grandes artistas da tragédia siciliana em que se transformou esse país. E que se feche o pano.
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