Platini dizia que o futebol é só um jogo, um dos mais nobres esportes do planeta e que não necessitava de se misturar à geopolítica ou aos sentimentos patrióticos. Tanto que o craque não cantava a “Marselhesa”, o hino da França, por ser um chamado à guerra.
Anos depois do conceito lúdico e comercial do camisa 10 dos “Blues”, a Copa do Mundo pode muito bem ser conceituada no aparente pleonasmo do título deste comentário. Pelo menos no Brasil, e em Natal, virou um apetitoso jogo de interesses.
Alguns grupos políticos aliados a grupos empresariais se digladiam pelas “obras” da Copa 2014 que terá 100% do dinheiro investido oriundo do bolso da velha viúva, a mãe de todos nós, brasileiros otários e fáceis de engolir a lábia gatuna dos “copeiros”.
Pior é que o cidadão comum, cego no seu desejo de ver dois ou três jogos de uma Copa no seu habitat, acaba acreditando no engodo futurista e desenvolvimentista dos que querem a Copa por outros motivos e outras bolas que nada têm a ver com o futebol.
Infelizmente, o brasileiro é um povo com mente de torcedor, desprovida de sequer alguns minutos de razão para separar a paixão pela bola dos assuntos da vida real. Acredita agora que uma Copa trará saúde, educação, segurança e emprego.
Fosse a Copa um fator determinante para inserir um país, um estado, uma cidade ou uma aldeia no processo civilizatório, decerto todos os governos do mundo já teriam convencido a FIFA a realizar uma Copa a cada 12 meses, em localidades pobres.
Não quero dizer também que Copa é coisa ruim. Mas um evento de cunho esportivo-econômico, feito por entidade privada, não poderia e nem deveria contar com recursos públicos.
Não é a Copa que promove melhorias nas cidades, mas seus governos através de uma correta política em parceria com os poderes e com os contribuintes. A participação da iniciativa privada é imprescindível, desde que não atue como sugadora do erário.
O maligno jogo em que virou o planejamento da Copa 14 no Brasil começa a ganhar sintomas e a exalar cheiro de guerra de quadrilhas. Enquanto os políticos tratam de vender o gato ao povo, os atravessadores brigam na surdina pela carne da lebre.
Há uma guerra surda entre grupos empresariais e políticos visando as verbas públicas da Copa, que ao que indica repetirá o circo dos tempos da ditadura militar, quando as capitais do Brasil se encheram de estádios para esconder a falta de pão e liberdade.
O badalado “legado da Copa”, vomitado pelos planejadores do evento em 2014, não tem qualquer espírito público inserido na retórica. É o legado dos que sequer assistirão aos jogos, pois estarão ocupados contando seus lucros de uma outra bola.
Em apenas 16 anos, o México sediou duas (2) Copas do Mundo (1970-1986). Peçam aos senhores copeiros para fazer uma explanação do que o povo mexicano ganhou, além da miséria e insegurança que não pára de crescer em suas cidades.
Quanto ao Machadão, estão misturando as bolas para confundir mais ainda o otário torcedor. O velho estádio nem comporta uma Copa e nem o campeonato local. Poderia dar lugar a uma arena nos moldes do Frasqueirão, ficando do tamanho do nosso pequeno futebol.
O resto é só jogo.
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