Serra tem tudo para derrotar a adversária.
Mas antes precisa vencer a teimosia.
Por Augusto Nunes
Veja.com
Até os bebês de colo, os índios isolados e os napoleões-de-hospício sabem que José Serra chegou ao segundo turno não pela campanha que fez, mas apesar dela. O marqueteiro Luiz Gonzales discorda.
Acha que o chefe vai enfrentar Dilma Rousseff graças aos mutirões da saúde, às escolas com dois professores e ao salário mínimo de R$ 600. E pretende repetir na segunda etapa da eleição presidencial todos os erros da primeira.
Como Serra ainda hesita sobre o caminho a seguir, só na sexta-feira, com a volta do horário eleitoral na TV, o Brasil que presta saberá se vai votar por sentir-se representado ou por exclusão.
Chancelados por 999 a cada mil eleitores oposicionistas, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, os governadores eleitos pelo PSDB ou pelo DEM, os candidatos eleitos e os derrotados „Ÿ quase por unanimidade, os aliados que contam defendem o duelo sem medos, acanhamentos, cautelas, mesuras e afagos.
Todos acreditam que é possível ser afirmativo sem escorregar na deselegância. Todos sabem que a altivez não tem parentesco com a arrogância. A candidatura de Dilma Rousseff foi sangrada pelo espanto provocado por escândalos na sala ao lado, roubalheiras impunes, declarações desastradas, contradições patéticas, discurseiras cínicas e outras incontáveis derrapagens.
Alarmados, milhões de brasileiros resolveram examinar melhor a qualidade do produto oferecido por Lula. As causas do desgaste de Dilma não podem ser creditadas aos responsáveis pela campanha de Serra.
Ganharam uma farta munição de presente e não souberam usá-la. O candidato tucano subiu alguns pontos, mas a principal beneficiária foi Marina Silva. Se depender de Gonzales, nada mudará. Ainda no domingo, o PSDB de Minas colocou à disposição da campanha presidencial tanto os aliados vitoriosos quanto a equipe que cuidou do horário eleitoral.
O marqueteiro-chefe respondeu no dia seguinte. Por e-mail, avisou que vai estudar a oferta e, assim que puder, comunicar o que será feito. Serra não deu um pio. Aécio Neves e Itamar Franco já disseram com todas as letras que, se a campanha não abandonar o artificialismo, subordinar-se ao institinto político do candidato, esquecer o teleprompter e procurar afinar-se com a voz das ruas, a derrota terá sido apenas adiada.
Até sexta, outros líderes oposicionistas endossarão a advertência. Ou Serra ouve a voz da sensatez ou se curva aos conselhos dos marqueteiros.Ele tem tudo para derrotar Dilma Rousseff. Mas antes precisará vencer a teimosia.
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2 comentários:
O presidente do pt finge não saber que os posicionamentos morais e filosóficos são primordiais para os seres humanos. O pt quer transformar todos nós em animais preocupados apenas com os aspectos materiais. Pena de morte, legalização do aborto e muitos outros pontos estão acima da política partidária e das questões do executivo. Transcende o embate eleitoral, portanto discutir isto é obrigação dos candidatos que se opõe ao assassinato de inocentes.
Eu não sou um religioso praticante. Mesmo sendo um católico bissexto sou contrário a legalização do aborto, não porque um padre, um bispo ou mesmo o Papa, seja contra, mas por saber que o embrião ou o feto, seja qual o termo que os abortistas utilizam para desumanizar aquela criança, já é único. O pequeno ser humano em gestação não e um mero apêndice do corpo materno. Já possui uma identidade genética própria. Não é uma mera expectativa de vida, é uma existência humana ainda incipiente, porém subsiste em toda a sua plenitude.
Excelente as suas colocações.
Nada a retificar, tudo a ratificar.
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