terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
A TV aberta Mooorreu!!!
O jornalismo na TV aberta morreu. Tomou um balaço nas têmporas da qualidade e os miolos se espalharam pelos becos da audiência da periferia.
Evidente, e bastante óbvio, que minha decisão de não mais assistir a TV aberta (abrindo exceção para alguns jogos de futebol e as zapeadas necessárias para construir um juízo de valor diante da mediocridade reinante) nada tem a ver com feitura de teses.
Imaginem eu, cheio de repulsa aos sentimentos bairristas, provincianos e patrióticos, que já não agüenta tanta apologia midiática às coisinhas da terra, aos representantes da sub-raça, à cultura sectária e umbilical dos escribas jecas e orfãos de Macunaíma.
Imaginem um cara que não agüenta mais a repetição exaustiva do velho gol de Pelé no País de Gales em 1958, as toscas imagens de Glauber Rocha, a enferrujada Palma de Ouro de 1962, as fantasias de Monte Castelo, o culto à miséria do método Paulo Freire.
Por que não acrescentar orgulhos novos à nossa História, há heróis de verdade por aí que não vestem camisa amarela, não têm militância partidária, não almoçam com Ricardo Teixeira, não escrevem bajulações nassifianas, não aparecem na TV.
Há um Brasil diferente longe dos assassinatos narrados como melodramas circenses na Rede Record, distante dos assaltos filmados com tomadas aéreas pela Band, indiferente aos arranca-rabos de marido e mulher expostos em cadeia pela Rede TV!
Santa Maria do Provincianismo do Sétimo Céu! Por que diabos o povo da Bahia precisa ver o ladrão que adormeceu numa igreja evangélica de Goiás? O que interessa aos mineiros a carreta que tombou na Raposo Tavares, já na divisa com o Paraná?
Sinto muito por Vanessa, compreendo a tristeza dos seus familiares. Mas, putaqueopariu, há dezenas de mulheres assassinadas por aí, ali na esquina da casa do leitor que está me lendo até agora. Chega de crimes narrados por capítulos.
Nós temos tantas coisas grandes pra conquistar, como disse o saudoso Raul Seixas; será que vale a pena ficar aí parado assistindo tanta coisa que nada nos acrescenta. Parece até campeonatos estaduais de futebol: não servem pra nada, mas alguns assistem e insistem.
Compreendo o povo pobre refém das TVs abertas, restritos aos aparelhos de TV via UHF, sem acesso aos canais fechados. Mas, alguém me justifique, uma mente aberta, um ser inteligente e com poder aquisitivo, vidrado nas baboseiras da TV aberta.
Só há um bom motivo – pelo menos pra mim – para se zapear o controle remoto pelo lixo diário da televisão nacional: registrar o nível da programação, com a prioridade dada à violência urbana, sem contar as novelinhas, os auditórios e os cultos religiosos.
No mais, é bastante salutar acompanhar apenas os bons filmes, o futebol, os documentários e, principalmente, os telejornais dos canais estrangeiros disponíveis na grade de programação. Violência há, na civilização, mas a TV de lá não mostra.
Só se for a violência que muda a vida e a História, como nos conflitos sociais e políticos que ocorrem pelo mundo. Quem precisa do Luciano Faccioli, do Geraldo Luís, do Augusto Xavier, da Ana Paula Padrão ou do William Bonner? Sou alérgico às irrelevâncias nativas.
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