Nossa nação, em termos geopolítico e sócio-cultural, é uma aberração ideológica derna o contra-golpe de março de 1964, quando a direita aplicou na marra a estatização da economia, tão sonhada pela esquerda marxista e com o beneplácito da sociedade e da imprensa.
Os militares, por exemplo, fizeram com a rede pública de ensino o que até hoje vociferam nas greves, professores que fazem do sindicato uma falange histriônica dos canhestros partidos. Nunca se avançou tanto na Educação gratuita quanto nos tempos do coturno.
Enquanto se manteve a hegemonia ditatorial dos quartéis, nas décadas de 60 e 70 da América Latina, o que se via por aqui era um espelho de parque de diversão a refletir os equívocos históricos do continente, com uma esquerda perdida em teses mofadas e uma direita estatizante na contramão do capitalismo.
O Brasil é um país de ideologias festivas e partidos personificados nas carrancas dos seus chefes. Somos um simulacro de povo, afundado numa ignorância sem fim que já não permite distinguir proletário de classe média, ambas as niveladas na burrice e na postura.
Ricos e pobres se equivalem nos gostos televisivos, empresários comungam em público com legendas de orientação comunista enquanto a massa deposita fé pública em celebridades do high society ou líderes religiosos de pregações extremistas.
Com toda a sua faixa territorial coberta por cinco redes de TV aberta comerciais, que apesar de diferenciar-se nos índices de audiência se equivalem na péssima qualidade da programação, o Brasil uniformizou suas classes numa mesma idiotice cultural.
É um país aonde não há mobilização popular em prol de avanços políticos ou sociais, mas vê-se meia centena de milhões de contribuintes em ligações telefônicas a registrar desapontamentos e indignações com as atitudes de gente babaca trancada em mansões ou fazendas nas brincadeiras de TV.
Jornalistas de consagrados veículos nacionais vomitam verborréia, expressando uma tietagem de show bizz, felizes pela fala de um líder de outra nação a enaltecer a democracia brasileira. Esta mesma aonde o voto é obrigatório e os políticos mudam de partido ao bel prazer das tendências dos juízes eleitorais.
No país que saiu da ditadura com a oposição aplicando um conto do vigário na população, pregando eleições diretas e negociando nos bastidores a disputa presidencial restrita ao Congresso, esquerda e direita são iguais na manutenção do paradoxo juridico-eleitoral.
Nem mesmo na imprensa se levanta alguma voz em favor do fim da grande farsa que é a eleição no Brasil. Pagamos imposto pela internet, tiramos passaporte mesmo com pendências fiscais, mas somos obrigados a sair de casa para votar. Só em algumas republiquetas o voto ainda é obrigatório.
Medir a distinção de importância do voto e do pagamento de impostos é como comparar água mineral com água de esgoto. Feitores das leis, os politicos impuseram os temas eleitorais como sendo mais essenciais ao país do que os básicos compromissos tributários.
Jamais cansarei de repetir que no Brasil aquilo que é bom para os partidos políticos é sempre ruim para a sociedade. Pegue-se os estatutos de todas as legendas e veremos as similaridades nas mentirosas propostas e nas fantasiosas teses que só servem para dar volume aos farisaicos documentos.
O sufrágio universal, como cantam e decantam os teóricos da nossa democracia de tribunais, é uma farsa com claros objetivos de manter em operação uma máquina partidária satisfatória à apatia ideológica da sociedade. A aberração constitucional é tanta e o jogo tão cínico, que para tornar mais obrigatório o famigerado voto, reduziram a importância do título eleitoral e decretaram a identidade como documento maior em todas as zonas da grande zona em que virou a risível República.
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