Jamais se viu e nunca se verá um país com tamanha e epidêmica lama sujando os valores e preceitos civilizatórios como estamos vendo agora. Os casos de corrupção e deslizes morais crescem como um vírus atacando todo o tecido social da nação.
Ontem, enquanto acompanhava o desenrolar dos escândalos locais e nacionais, lembrei de um filminho de aventura, muito repetido nas sessões vesperais da TV fechada. Quem já viu “Zathura, uma Aventura Espacial”, dirigido pelo nova-iorquino Jon Favreau?
Na verdade, é a continuação de “Jumanji”, estrelado por Robin Williams. Nos dois casos, tratam-se de dois estranhos jogos com poderes mágicos e que provocam situações inusitadas cada vez que os dados são arremessados. Cada rodada, uma incrível surpresa.
Quanto mais complicada uma situação, pior fica a vida dos jogadores com a jogada seguinte. Todas as tentativas de reparar um perigo ou uma confusão acarretam mais desespero para os envolvidos. De bom em Zathura, só a debutante Kristen Stewart.
Os acontecimentos criminosos que ocorrem diuturnamente no ambiente dos quatro poderes (Judiciário, Legislativo, Executivo e Aquisitivo) parecem com os jogos das duas ficções cinematográficas. Todo dia se descobre que alguém fez merda de novo.
No plano nacional, os militantes de esquerda tiveram um orgasmo marxista-leninista quando a máscara de bom moço de Demóstenes derreteu na queda do Cachoeira. Só não esperavam que o esquema do bicheiro já havia bichado também o PT e adjacências.
Bradaram, os cuecões e os petralhas, por uma CPI para investigar a rede de influência do bandido e do promotor. O problema agora, com as revelações sobre a participação de um governador petista e um deputado do PCdoB, é de um coitus interruptus stalinista.
No âmbito da província ensolarada, os dados do casal Carla Ubarana e George Leal não combinam com as cartas de jogo de alguns desembargadores, que a cada nova diligência do Ministério Público vão ficando mais enroscados no tabuleiro dos precatórios.
Aliás, pelo que se viu nos autos e nos depoimentos, transformaram o Tribunal de Justiça num tabuleiro de vendedores do alheio. Em sendo verdade os testemunhos dos acusados, senhores de toga tungaram a viúva num esquema de negócio mafioso.
Como no desenrolar do filmezinho da TV, parece uma trilha sem fim a trama de desvios orquestrada no TJ. Era tanto dinheiro, e tão fácil botar a mão nele, que os autores do crime nem tinham noção de gasto em suas viagens milionárias por países europeus.
Outra espécie de Zathura da roubalheira ou Jumanji das fraudes é o escândalo da inspeção veicular, conhecido por Sinal Fechado, dado pelo MP e pela polícia. Até agora, o principal jogador tem evitado revelar seus melhores parceiros de jogada.
Espera-se que as cartas do Ministério Público, inicialmente compostas numa petição que muitos fazem de conta que já se exauriu, traga novas explicações para que a sociedade também participe do jogo de reparos. George Olímpio não é vilão solitário.
Na jogatina dissimulada que se instalou nos salões do poder público, há crimes sendo planejados em estado permanente, frutos da certeza de impunidade que unifica os punguistas de pé-rapado e os ladrões de colarinho branco. Este é o Brasil de todos.
Entre precatórios e mensalões, a alma nacional desce ao inferno da amoralidade constatando que o chavão religioso de que “todos são filhos de deus” foi refeito para “todos são filiados ao pecado”, mas não o pecado da Bíblia e sim o do Código Penal.
Será que estão ceretos os esotéricos, a imaginar o fim dos dias com os sinais de depravação moral da espécie humanus brasilis? A podridão infecta o país e o que resta de gente reta rejeita o serviço público, que como no inferno de Dante deveria ter o aviso: “Deixai toda esperança, ó vós que entrais”.
Alex Medeiros
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