Torcedor
brasileiro, quando fanático (a maioria) jamais consegue entender os
critérios nas formulações dos rankings de futebol elaborados pelas
entidades oficiais do esporte mais popular do planeta. O nativismo
doentio sempre atrapalha a reflexão.
Não
compreendem que as hegemonias pontuais de um time ou seleção
estabelecem suas atualizações nas vitórias acumuladas e não somente nos
históricos do passado. Um fato isolado repetido duas vezes em remota
data não é suficiente para a eternidade.
No
ranking oficial de clubes da FIFA, que conta com o científico serviço
da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS),
é o acúmulo de vitórias e títulos ao longo das eras que fez do Real
Madrid o maior time em todos os tempos.
Já
na relação dos maiores neste novo século, o XXI, iniciado no ano 2000, o
time merengue está apenas em oitavo lugar. A liderança é do Barcelona,
seguido por Manchester United, Liverpool, Arsenal, Inter de Milão,
Bayern de Munique e Milan.
Entre
os dez mais deste período, apenas um sul-americano, o Boca Juniors,
tetra campeão da Libertadores nos anos 2000, 2001, 2003 e 2007.
Completando o Top Ten, há o Chelsea em nono. O São Paulo aparece em 13º,
o melhor brasileiro da lista.
Existe
uma mania na imprensa esportiva brasileira de imaginar que o Santos,
por causa do bicampeonato mundial com Pelé, frequenta o mesmo clube de
notáveis no ranking histórico da FIFA. É apenas o 27º e quase não consta
em livros sobre os “big teams”.
Aliás,
no próprio ranking dos melhores times da América do Sul em todos os
tempos, liderado pelo uruguaio Peñarol, o time da Vila Belmiro é só o
16º numa relação onde os melhores brasileiros são o Cruzeiro (em sétimo)
e o São Paulo (em oitavo).
Na
lista dos dez mais sul-americanos, o Independiente vem em segundo
lugar, seguido por Nacional, River Plate, Olímpia e Boca Juniors. Após
os dois brasileiros vêm América de Cali em 9º e Palmeiras em 10º. O Flamengo é 11º e o Grêmio 14º.
A
IFFHS também atualiza várias vezes num ano os rankings continentais e
mundial, onde as vitórias acumuladas destacam os clubes. Convém prestar
atenção no fato de que um título isolado às vezes tem menos peso do que o
conjunto da obra por temporada.
É
o caso presente do Vasco da Gama, que ontem foi vaiado por sua torcida
após vencer por 2 x 1 o Lanús da Argentina em jogo no estádio de São
Januário. No novo ranking divulgado terça-feira, o time da cruz de malta
é o único brasileiro entre os dez mais.
Como
era de se esperar, o Barcelona lidera com folga na condição de melhor
time do mundo, tendo o rival Real Madrid na segunda posição. Em
terceiro, podem apostar no merecimento, vem a Universidad do Chile, já
apelidada de “Barcelona das Américas”.
No
quarto lugar aparece o Bayern de Munique, que muito provavelmente vai
subir mais nos próximos rankings se vencer (como se aposta) a Champions League. Já o Chelsea, que disputará a CP com o alemão, está na sétima posição do novo ranking.
Assim
ficou a lista dos dez primeiros: 1. Barcelona; 2. Real Madrid; 3.
Universidad Chile; 4. Bayern; 5. Atlético Madrid; 6. Velez Sarsfield; 7.
Chelsea; 8. Athletic Bilbao; 9. Sporting Lisboa e em 10º o Vasco da
Gama. Já o Santos, aparece em 12º.
Escrevo sobre isso, porque sei que o time da Vila é o xodó da imprensa tupiniquim,
que acaba agindo com a mesma dosagem de fanatismo dos torcedores e não
percebe que nem tudo se estabelece por emocionalismos, mas sempre pela
frieza da matemática.
A
mídia endeusa o bi do Santos de 1962/63 e não aceita que o Peñarol fez
igual na mesma época e fez ainda melhor na Libertadores depois, o que o
mantêm no topo do ranking da IFFHS. Como agora não entende a pouca
referência nas conquistas do Paulistão.
Repete
sempre que o futebol brasileiro não dava atenção a Libertadores nos
anos 60 e 70 e por isso a hegemonia argentina e uruguaia. E como
explicar a supremacia argentina se mantendo em pleno terceiro milênio?
Não, meus caros, a freguesia continua.
O problema maior, de
verdade, é que clubes, comentaristas e torcedores brasileiros dedicam
exagerado culto às conquistas domésticas, vitórias de fundo de quintal.
Ganhar um estadual, por exemplo, é tão somente a alegria fugaz de um
sentimento ultrapassado.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
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