Há dois fatores que iludem os torcedores, mas que não deveriam
provocar o mesmo equívoco nos analistas. Impressionante como a mídia
esportiva, em sua grande maioria, se deixou levar pelo ufanismo de
chuteiras erguido em bases nem tão sólidas assim.
Li na Folha que até o experiente jornalista Clovis Rossi viu na
Copa das Confederações uma referência, como se o evento festivo de 2013
mobilizasse técnica e taticamente as seleções como numa Copa do Mundo.
Em 2009, Dunga venceu também.
O segundo fator é o jogo jogado em casa, tratado como uma força de
antigamente. Há tempos, sem contar os uruguaios, que os adversários da
seleção brasileira não tremem atuando por aqui. Até Bolívia e Equador já
arrancaram pontos diante de multidões.
Obdulio Varela, o capitão que carregou o Uruguai na final que calou o
Maracanã e o país inteiro, avisou aos seus comandados, quando adentrou o
gramado e olhou os 200 mil torcedores: “Os que estão ao redor não jogam; só os que estão aqui dentro”.
Há alguns anos, perguntado se sentia a pressão de um estádio lotado
com torcedores inimigos, o argentino Carlito Tevez respondeu: “Eu adoro traumatizar multidões”. É temeroso demais o favoritismo do Brasil alardeado pela imprensa e por anunciantes, assim como é falso o resultado do ano passado quando a seleção de
Scolari passou pela Itália, Uruguai e Espanha num torneio em que a
concentração e o empenho dos visitantes estavam em padrão festivo, vide a
farra espanhola no Recife antes da final.
Convém nessas horas lembrar da frase atribuída a Karl Marx, de que “a
história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como
farsa”. Quem nesse país suportará que a tragédia de 1950 aconteça outra
vez na condição de farsa de 2014?
Os sustos diante do fraco Panamá e as vaias frente à mediana Sérvia
foram apenas como pequenos asteróides riscando o espaço do patriotismo
de chuteiras. Quando a Copa começar, as grandes pedras surgirão como
meteoros mortais. Hora de feras e bestas.
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