No auge das manifestações da “revolta do busão” em
Natal, quando meia centena de estudantes esquerdistas fecharam ruas e a
câmara dos vereadores, a então prefeita da cidade Micarla de Sousa, do
Partido Verde, amargava altos índices de impopularidade.
Seu perfil de mulher frágil, pequenina, sofrendo quedas de pressão
arterial, e mãe de duas crianças, não foi motivo para aplainar a ira
radical dos blogueiros e tuiteiros do PT que pregavam o seu impeachment utilizando piadas chulas e palavrões contra ela.
Desde a noite de ontem, quando o Brasil presenciou o maior massacre
imposto por um candidato a outro em toda a história da Presidência da
República, durante o debate no SBT, a militância petista vomita
desaforos contra Aécio Neves por ter vencido a peleja.
Usam dos mais farisaicos argumentos e levantam as mais ridículas
teses de violência contra a mulher para disfarçar o visível despreparo
da presidente Dilma Rousseff diante da oratória do neto de Tancredo
Neves, que simplesmente atropelou a candidata.
Os mesmos personagens medíocres que não respeitaram a condição de mãe
e esposa da prefeita de Natal em 2013 quando a vestiram de adjetivos
maledicentes, agora resmungam em favor de Dilma lembrando que a mesma é
mãe, avó e sexagenária.
Uma defesa risível para esconder a derrota no debate, posto que Aécio
Neves bateu duro dentro dos limites das regras do confronto e da
civilidade, exceto quando devolveu na mesma moeda a citação da sua irmã,
covardemente atacada com as mentiras petistas.
O que se viu ontem nas telas do SBT e do portal UOL e se ouviu pela
rádio Jovem Pan foi um momento histórico para ficar nos anais da nossa
vida republicana e democrática; o dia em que o senador Aécio Neves
desmontou a toda poderosa presidente do país.
Dilma não foi derrotada nos ataques do adversário, mas no retorno das
suas próprias agressões gratuitas, forjadas no tom do marqueteiro João
Santana, que ontem parece ter rejeitado o ponto eletrônico. O joystick imaginário não fez dela um invencível androide.
Quanto mais levantava denúncias estéreis contra Aécio, mais o tucano
se fortalecia nas réplicas e ocupava o centro do ringue arbitrado pelo
jornalista Carlos Nascimento, cujas discrição e formalidade
engrandeceram o evento, que chegou à vice-liderança do Ibope.
O candidato do PSDB já dominava o embate quando a própria petista
cavou o buraco de onde não conseguiria mais sair até o final. Acusou
Aécio de nepotismo e este devolveu com uma sinecura do irmão dela, Igor
Rousseff, nomeado num cargo fantasma.
Quem assistiu por sinal HD viu perfeitamente os olhos de Dilma
marejarem e a parti daí seu semblante foi ganhando um tom de desconforto
que se misturava aos trejeitos de uma face exibindo seu costumeiro mau
humor que nem o marketing consegue esconder.
Sempre que as câmeras fechavam nos rostos dos dois debatedores, eu me
lembrava do mais importante debate político do século XX, na noite de
26 de setembro de 1960, nos estúdios do canal CBS, em Chicago, nos EUA.
John Kennedy versus Richard Nixon.
Foi a primeira vez que a TV americana transmitiu um debate entre dois
candidatos à Casa Branca, exatamente num momento histórico crucial para
um país envolvido na Guerra Fria com a Rússia e temeroso com o avanço
comunista na vizinha ilha de Cuba.
Nixon, assim como Dilma, representava o poder em exercício, elevado à
condição de líder pelo popular presidente Dwight Eisenhower. Kennedy,
como Aécio, era um jovem senador tentando conquistar um sonho que já
fora do seu velho e bom articulador pai.
O debate marcou o princípio de uma nova era na formação de uma imagem
de homem público e popularizou o marketing político pelo mundo todo.
Encerrou com Nixon suando a cântaros, o cansaço no rosto, enquanto JFK
exibia uma expressão de estadista.
Eu vi Nixon dentro daquele vestido verde da Dilma, li nas entrelinhas
das suas perguntas o desespero de um partido movido a ódio, percebi no
seu mal estar a derrota anunciada nas pesquisas. Não era uma mulher
agredida, e sim um candidato perdido.
Não cabe nenhuma crítica a Aécio Neves no âmbito das relações
civilistas entre um homem e uma mulher. A cantilena dos petistas nas
redes sociais é um simulacro de indignação humanista. O que houve ontem
foi uma surra de imposição republicana.
Mais que isso, ontem a TV brasileira transmitiu a História ao vivo,
expondo uma presidente-candidata exaurida emocional e fisicamente. Sorte
que numa São Paulo árida alguém encontrou um copo de água, o mesmo
elemento do frio suor dela e de Nixon.
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