Sou do contra desde menino. Aprendi com meu avô, e com sua sabedoria adquirida no olhar do cotidiano imbecil humano, que a gente deve sempre avançar na contramão da maioria, essa mesma que Nelson Rodrigues dizia ser burra. Tal conceito me gerou até mesmo uma grande desconfiança da apregoada infalibilidade da democracia.
Sendo assim, o difícil mesmo é encontrar um companheiro de viagem que renegue tudo o que pensam e escrevem figuras como Noam Chomsky e Michael Moore, ambos norte-americanos e cultuados pelo mundinho canhestro da esquerda acadêmica que adorna as vitrines das universidades e dos cadernos de opinião dos jornais.Moore é um bonachão que supre a falta de talento para ganhar dinheiro com rebeldias retardadas em documentários que a patuléia consome como filmes. Um ridículo cinqüentão tentando fazer protestos juvenis como se em casa ainda tivesse um pai operário a bancar seu parasitismo intelectual, seu biscate panfletário, disfarçados de ativismo político.
Chomsky é mais perigoso, tem conteúdo científico, embasamento filosófico, e tem principalmente a velhice, esse elemento que tornou o próprio diabo suficientemente inteligente e astuto para enfrentar deus na poderosa mitologia dos católicos. Um craque da lingüística, usa-a com êxito como ferramenta de alavancar seu marketing ideológico.
As esquerdas fashion ou literária lhes dão ouvidos e louvações desde os anos 1960, como fiéis atarantados diante da verborragia evangélica dos bispos de Edir Macedo. Chomsky é o retrato enviesado de uma das suas obras, "As ilusões necessárias"; posto que seus idólatras o ingerem às cegas, ao ponto de concordarem quando ele achou um argumento anti-americano para diminuir a tragédia de Manhattan no ataque terrorista, lembrando das "vítimas do Terceiro Mundo", que toda a esquerda universal põe na conta de Washington.
Em assim sendo, declarada minha sanha contra as "desilusões desnecessárias" de Chomsky e Moore, a manhã surgiu mais radiosa quando me deparei com a entrevista do jornalista inglês Nick Cohen no jornal "O Público", o mais lido diário de Lisboa e que leio quase sempre. Cohen é colunista do "The Observer", o tradicional trablóide londrino que partiu na frente numa campanha pela liberdade de expressão na internet. Seu livro "What's Left?", um libelo contra a esquerdofrenia branca, chegou em Portugal traduzido como "O que resta da esquerda?". Não preciso dizer que o autor é ferino nas críticas à dupla Moore-Chomsky, um dos motivos da minha simpatia por seus textos. Nick Cohen já havia balançado as lantejoulas da nova esquerda inglesa com o livro "Pretty Straight Guys", numa saraivada de tiros inteligentes contra o novo trabalhismo do playboy Tony Blair, cuja estadia no primeiro ministério só teve um momento de convergência com o colunista: o apoio aos EUA na invasão do Iraque.Ele detona a platéia da esquerda ocidental, quando esta prefere contemporizar com o terror da Al Qaeda, com o fundamentalismo islâmico e com as ditaduras cubana e chinesa, apenas para poder construir um discurso e uma postura contra o governo de George W. Bush ou qualquer outro que venha a se instalar na Casa Branca. E diz Cohen ao Público que "Deus sabe os terríveis crimes que a esquerda cometeu no século XX", para acrescentar que quem passou a vida combatendo "abusos da sociedade fica quase sem defesa para compreender como o totalitarismo é mil vezes pior". Pois é, a turba tenta inocentar Saddan e Fidel na História vendendo a idéia de que o inferno terreno é em Guantânamo.
Lembra uma esquerda latina que adora se desculpar dos roubos e escândalos praticados, invocando os deslizes de assemelhados que dividiram o butim antes dela no Brasil.
E se Guantânamo é o inferno, realmente por lá foram acorrentados demônios fiéis ao grande Satã Hussein, irmão de violência e safadezas do endiabrado ditador que comanda a outra parte da ilha infernal.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
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