quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
O templo do dinheiro
Jornal de Hoje.
Intimidação e má-fé
O texto abaixo é o principal editorial da Folha de S. Paulo dessa terça-feira. O jornal segue firme revelando à sociedade o que a igreja universal e a TV Record tentam escamotear: a prática comercial e farsante do proprietário das duas empresas, o bispo Edir Macedo.O mais terrível nisso tudo, além da tentativa do bispo em censurar e calar os veículos de imprensa que divulgam suas estripulias, é ver na tela da TV um jornalista como Paulo Henrique Amorim em franca decadência, transformado num âncora de recado, fazendo a apologia da igreja e da biografia de Macedo, lançada em livro como mais um produto a ludibriar fiéis.Amorim não precisava chegar a tanto apenas para salvar um emprego. Leiam o editorial da Folha, cujo acesso na Internet é só para assinantes do portal UOL.BISPOS da Igreja Universal do Reino de Deus desencadeiam, contra os jornais "Extra", "O Globo", "A Tarde" e esta Folha, uma campanha movida pelo sectarismo, pela má-fé e por claro intuito de intimidação.Em dezembro, a Folha publicou reportagem da jornalista Elvira Lobato descrevendo as milionárias atividades do bispo Edir Macedo. Logo surgiram, nos mais diversos lugares do país, ações judiciais movidas por adeptos da Igreja Universal que se diziam ofendidos pelo teor da reportagem.Na maioria das petições à Justiça, a mesma terminologia, os mesmos argumentos e situações se repetiam numa ladainha postiça. O movimento tinha tudo de orquestrado a partir da cúpula da igreja, inspirando-se mais nos interesses econômicos do seu líder do que no direito legítimo dos fiéis a serem respeitados em suas crenças.Magistrados notaram rapidamente o primarismo dessa milagrosa multiplicação das petições, condenando a Igreja Universal por litigância de má-fé. Prosseguem, entretanto, as investidas da organização.Não contentes em submeter a repórter Elvira Lobato a uma impraticável seqüência de depoimentos nos mais inacessíveis recantos do país, os bispos se valeram da rede de televisão que possuem para expor a pessoa da jornalista, no afã de criar constrangimentos ao exercício de sua atividade profissional.É ponto de honra desta Folha sempre ter repelido o preconceito religioso. A liberdade para todo tipo de crença é um patrimônio da cultura nacional e um direito consagrado na Constituição. A pretexto de exercê-lo, porém, os tartufos que comandam essa facção religiosa mal disfarçam o fundamentalismo comercial que os move. Trata-se de enriquecimento rápido e suspeito - e de impedir que a opinião pública saiba mais sobre os fatos.Não é a liberdade para esta ou aquela fé religiosa que está sob ataque, mas a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos à verdade. (Folha, 19/2/2008)
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