Fonte: Jornal de Hoje.
O Projeto Seis e Meia tem sido ao longo dos anos uma espécie de Coca Cola no meio do deserto em que caminham bandas e artistas musicais do Brasil e, principalmente, do Nordeste. A salvação da lavoura tem sido graças à abnegação de poucos.
Durante muito tempo, o produtor potiguar Zé Dias abandonava fraldas e o carinho dos próprios filhos para padecer, como mãe num paraíso infernal, em favor de músicos e cantores que ele trata como num processo de adoção sem a anuência de juízes. Zé viu algumas vezes o Seis Meia morrer e ressuscitar pelo milagre de um suspiro de sensibilidade do poder público. Sou contra o paternalismo governamental na feitura de obras que não reverberam no gosto dos cidadãos. Defendo o apoio com critérios.
Houve um tempo, coisa de três ou quatro décadas, que a política cultural potiguar se restringia a favores graciosos da Fundação José Augusto a artistas do tipo medalhões ou pseudos artistas indicados pelo tráfico político-partidário de antanho. Assim como Educação, Saúde e Segurança, a Cultura também é um bem que precisa contar com a atenção especial do poder público, obviamente sem os desperdícios que estamos acostumados a ver. Mas a sociedade precisa manter vivas suas manifestações.
O Projeto Seis e Meia é uma puta idéia que já não precisa provar que deu certo. Incentiva bons artistas, revela novos e até abre mercados para talentos que a indústria cultural jamais deu chances. O produtor William Collier vem tocando a barra faz tempo. Militante voluntário das inclinações musicais, mesmo sem tocar instrumentos, Collier enveredou por uma seara difícil, ingrata e cheia de armadilhas. Não é fácil ser empresário do ramo cultural num mercado árido e de governos incultos.Mais um abnegado como Zé Dias, o atual produtor do Seis e Meia virou uma versão teatral de Judas Tadeu, o apaixonado presidente do time do ABC F.C. de Natal. Como o dirigente alvinegro, Collier tem carregado o projeto nas costas e no bolso, sem sossego. E a exemplo do time mais querido, o evento musical começa a ficar ameaçado de rebaixamento, de cair pelas tabelas, sumir dos palcos. A burocracia e a insensibilidade estatais sufocaram o produtor, que já raspou a própria conta bancária para manter o projeto.
Por todo o Brasil, do Oiapoque ao Jiqui, artistas e bandas só se apresentam com o cachê pago adiantado. Foi a forma mais certa e segura que encontraram para escapar de vexames. A música imitando o cinema, onde se paga antes de ver o produto. Atrasos constumeiros e típicos de governos, além dos tais empenhos que demoram uma geração, obrigaram William Collier – para não ver o Seis e Meia extinto – a bancar do bolso os contratos e shows em Natal, Mossoró e outras cidades daqui e dalhures. Mas como na moagem da cana, o caldo só sai se entrar a cana na máquina. O dinheiro do produtor foi saindo, mas nada de entrar no moinho governamental, que tem o compromisso de mantenedor do Projeto Seis e Meia. A fonte tinha que secar.
O rombo na conta particular de Collier (ele não me disse, espero que não pergunte sobre minha fonte) é uma cifra altíssima para um pequeno empresário da Cultura. Sem seu esforço e sem a agilidade oficial, não há como pagar os artistas. Estes, os artistas, por sua vez não podem sair por aí subindo em palcos para esperar a grana de empenhos e outras chatices burocráticas. A maioria tem família para sustentar, ninguém tem a força de mercado de um Roberto Carlos ou Ivete Sangalo.
A Cultura no governo Wilma de Faria é administrada pelo PT. Será que a companheirada vai deixar morrer o Seis e Meia? Será que o jeito petista não tem jeito? Se o PT esconder o talão de cheques para a Cultura, puxemos então o revólver da indignação.
P.s. É incrível a quantidade de incompetentes que abundam TODOS os partidos de esquerda, em especial o PT. Mas o que esperar de partidos que são compostos por vadios jubilados nas federais, que ao invés de assistirem aula, vão fumar maconha e cantar músicas de cantores de MPB "pulitizados".
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