Até misturando alhos com bugalhos fica fácil e agradável, pelo menos a mim, argumentar contra as patriotadas e teses ridículas daqueles que pensam que a Via Láctea gira em torno do Brasil e que nosso céu tem mais estrelas por causa de 5 copas.
Digo isto porque para dizer o que quero misturo Albert Eistein com Michel Platini, com Jesus Cristo, com Karl Marx, com François Silvestre, com Samuel Johnson, com Bernard Shaw. Neles alimento minha embriaguez de cosmopolitismo sem fim.
Os pachecos são a representação fiel e acabada do imbecilóide pátrio, aquele movido por uma tradição torta que o leva a defender com unhas e dentes figurações que em nada significam o verdadeiro sentimento que se deve ter pelo lugar onde se nasce.
O pacheco não age por si, é acionado pelos mecanismos da farsa cultural e midiática que o leva a tremer pelo time do seu bairro, mas não o faz se mobilizar pela escola, pelo centro de saúde, pela praça, pela creche. O pacheco vive da emoção oca.
O pacheco tem seu sistema nervoso ligado na tomada da televisão em sinal aberto, sua engenharia biológica foi reformada com o padrão da dramaturgia noveleira e o ritmo histriônico dos narradores e comentaristas de futebol. Ele é extensão disso tudo.
As figuras ilustres citadas no segundo parágrafo me são úteis para alimentar minha diversão em ridicularizar com os pachecos. Todos disseram ou fizeram algo que desconstrói os equívocos de muitos quando se imaginam patrióticos de verdade.
O potiguar François titulou um livro com uma afirmação que eu desejaria minha: “a pátria não é ninguém”; o craque francês Michel Platini disse que “futebol é só um jogo” (ele não cantava a Marselhesa porque o hino da sua pátria conclama para a guerra).
O satírico escritor irlandês cunhou o conceito “o mundo jamais será tranqüilo enquanto não se extinguir o patriotismo da raça humana”. Já o clássico jornalista inglês, Samuel Johson, eternizou a mais fuderosa das frases: “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.
Para o maior filósofo do comunismo, “os operários não tem pátria”, o que talvez por isso vejamos hoje uma organização para-operária tentando transformar o Brasil num imenso sindicato da esperteza. Mas o barbudo alemão tinha lá suas razões, sim.
Quanto ao nazareno, que apesar de ausente dos grandes registros históricos tornou enigmática e curiosa a declaração “na casa do meu pai há muitas moradas”. E o gênio do século XX nos deixou a mais perfeita essência do que eu quero dizer agora.
Disse Eistein: “heroísmo no comando, violência sem sentido e toda a detestável idiotice que é chamada de patriotismo – eu odeio tudo isso de coração”. Bingo! Cada uma das afirmativas líterofilosóficas compõe meus resmungos diários antipachecadas.
Porque para os pachecos, defender a pátria não é ser vigilante diante da dilapidação do patrimônio do povo, mas tão somente vestir verde e sorrir amarelo diante das futilidades que ele acredita (a TV empurra) ser a jóia maior do seu civilismo de boteco.
Você conhece um pacheco em tempo recorde, basta que a conversa descambe para o jogo de futebol que ele entende como extensão do amor ao berço onde um dia ele viu esplêndido o xixi que vazava pela fralda e pela vida, ambas descartáveis.
Tudo para um pacheco tem a dimensão de uma guerra entre povos. Seu cérebro fronteiriço não alcança o mundo sem fronteiras das coisas lúdicas e universais. Quando exagera se imagina um novo Shakespeare a compor o destino da língua.
Ele não enxerga a universalidade das artes, incluindo aí aquela arte dos gênios de todas as pátrias, como Pelé, Cruijff, Beckenbauer, Di Stefano, Best. Para ele, o peladeiro que viu na sua aldeia sempre será mais genial do que os craques de nível mundial.
Um pacheco que se preza não percebe a sensatez do todo para definir seu fanatismo a granel. Um grande gol de um jogador mediano ele entende como o conjunto da obra, mesmo que a tal obra seja repleta de várias arrobas de fracasso.
Enfim, todo pacheco confunde seu bairrismo tolo com o verdadeiro patriotismo dos grandes vultos da História dos povos. Defender os interesses da pátria dos seus avós é, para o Pacheco, apenas um gesto quadrienal de vestir amarelo e berrar na hemoptise do ridículo.
2 comentários:
/"mui bien" y viva el Chile de Salvador Allende, tambien soy Chulo.
Páscoa...
É tempo de Amor, de União e Paz...
É tempo de Esperança, de Fé e Confiança...
É tempo de refletir e Perdoar...
É tempo de lembrar com amor das pessoas que fazem diferença em nossas vidas, Pessoas como você!!!
Que essa Páscoa seja muito mais do que simples ovos de chocolate.
Que seja repleta de muita saúde, amor, felicidade, compreensão, carinho...
Que você seja abençoado, por Aquele que deu Sua vida, por amor a nós...
JESUS CRISTO
amado amigo desejo que JESUS te de sabedoria sempre bjos
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