Norte-americanos costumam primar pela reserva de sentimentos, mas Todd Chandler não tem o menor acanhamento em proclamar que se mortifica de saudade do pai.
A dor recorrente e uma indignação que 37 anos não foram capazes de aliviar levaram Todd Chandler a anunciar ao mundo, pelo site da academia militar de West Point na Internet, o orgulho de ser filho do militar.
Hoje na Flórida, Todd concedeu entrevista a Zero Hora, por e-mail, ressaltando que gostaria de perguntar aos matadores:
- Por que levaram meu pai? Por que destruíram uma família?
O capitão Charles Chandler foi abatido na manhã de 12 de outubro de 1968 por três guerrilheiros a mando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Contra o americano pesava a acusação de ser um agente da CIA, a central de inteligência americana, a serviço da ditadura.
Ele morava numa casa do bairro Perdizes, em São Paulo, com a mulher, Joan, e três filhos pequenos: Jeffrey, Luanne e Todd. Os três matadores foram apontados como sendo Pedro Lobo de Oliveira, Diógenes de Oliveira (atualmente em Porto Alegre) e Marco Antônio Braz de Carvalho (morto em 1969).
Quando Chandler tirava o carro da garagem, eles bloquearam a passagem com um Fusca. Primeiro, descarregaram um revólver contra o americano. Depois, acionaram a metralhadora.
Todd lembra que correu ao ouvir os tiros, deparando com o pai ensangüentado. Ele nega que Chandler fosse da CIA. O capitão estaria no país como estudante da Escola de Sociologia e Política da Fundação Álvares Penteado, aprendendo português.
Por que mataram meu pai?"
Morando na Flórida, pai de três filhos, bancário, Todd Chandler concedeu entrevista a ZH sobre o assassinato do capitão do exército americano Charles Chandler, em São Paulo, há 37 anos:
Zero Hora - O que o senhor lembra do crime?Todd Chandler - Lembro os sons dos tiros e de correr para fora de casa para testemunhar os últimos momentos. Eles atiraram no meu pai quando ele estava dando marcha a ré no carro.
ZH - Como sua família enfrentou a tragédia?Todd - Voltamos para os Estados Unidos em um avião militar, com o corpo. Minha mãe ficou profundamente afetada. Isso ainda assombra ela.
ZH - Como o senhor superou a morte do pai?Todd - Nunca superei. Na medida em que cresci e soube de mais detalhes do evento e sobre os participantes dele, fiquei com muita raiva. Se acontecesse hoje, as conseqüências seriam drasticamente diferentes.
ZH - Como é a imagem de Chandler no seu país?Todd - O mais surpreendente é que, fora da família, ninguém parece lembrar do meu pai. Se o fato acontecesse hoje, certamente seria um acontecimento internacional.
ZH - Como o senhor cultiva a memória de seu pai?Todd - Vejo ele todos os dias. As pessoas falam que pareço com ele. Então, quando me olho no espelho, tento imaginar como seria se ele estivesse vivo e bem na minha idade.
ZH - Como era o seu pai, a carreira militar dele?Todd - Meu pai nasceu e foi criado numa cidade muito pequena da Louisiana. Sua família ainda vive nessa área. Eles eram considerados relativamente pobres, e a família tirava seu sustento da agricultura. Quando ele foi aceito em West Point, foi uma honra tremenda para a família e para toda a cidade. Ele fez carreira nas forças armadas e serviu em diferentes países. Acho que chegamos ao Brasil em 1966 ou 1967.
ZH - Qual era a missão do seu pai no Brasil?Todd - Não havia missão alguma. Pensem nisso: os EUA jamais mandariam a família civil com um oficial que estivesse em qualquer tipo de missão. Meu pai era um estudante. Não tenho a mínima idéia de por que ele foi o alvo.
ZH - Como o senhor se sente ?
Todd - Sei que as coisas eram diferentes naquela época, mas adoraria ter a chance de perguntar: "por quê"? Não entendo por que eles tinham de levar meu pai e deixar a minha família destruída. Todos os dias algo me lembra que um homem foi morto sem razão e que, em sua maioria, os assassinos ficaram impunes.
Nota:
É muito fácil responder ao Todd aonde estão os assassinos do seu pai.
Estão há oito anos se disseminando na administração pública do Brasil
e podem ganhar mais quatro anos de desmandos com a tragédia que seria a vitória
de Dilma Rousseff, uma das integrantes daquela organização de guerrilha
que matou o pai de Todd, o capitão Charles Chandler.
Zero Hora - O que o senhor lembra do crime?Todd Chandler - Lembro os sons dos tiros e de correr para fora de casa para testemunhar os últimos momentos. Eles atiraram no meu pai quando ele estava dando marcha a ré no carro.
ZH - Como sua família enfrentou a tragédia?Todd - Voltamos para os Estados Unidos em um avião militar, com o corpo. Minha mãe ficou profundamente afetada. Isso ainda assombra ela.
ZH - Como o senhor superou a morte do pai?Todd - Nunca superei. Na medida em que cresci e soube de mais detalhes do evento e sobre os participantes dele, fiquei com muita raiva. Se acontecesse hoje, as conseqüências seriam drasticamente diferentes.
ZH - Como é a imagem de Chandler no seu país?Todd - O mais surpreendente é que, fora da família, ninguém parece lembrar do meu pai. Se o fato acontecesse hoje, certamente seria um acontecimento internacional.
ZH - Como o senhor cultiva a memória de seu pai?Todd - Vejo ele todos os dias. As pessoas falam que pareço com ele. Então, quando me olho no espelho, tento imaginar como seria se ele estivesse vivo e bem na minha idade.
ZH - Como era o seu pai, a carreira militar dele?Todd - Meu pai nasceu e foi criado numa cidade muito pequena da Louisiana. Sua família ainda vive nessa área. Eles eram considerados relativamente pobres, e a família tirava seu sustento da agricultura. Quando ele foi aceito em West Point, foi uma honra tremenda para a família e para toda a cidade. Ele fez carreira nas forças armadas e serviu em diferentes países. Acho que chegamos ao Brasil em 1966 ou 1967.
ZH - Qual era a missão do seu pai no Brasil?Todd - Não havia missão alguma. Pensem nisso: os EUA jamais mandariam a família civil com um oficial que estivesse em qualquer tipo de missão. Meu pai era um estudante. Não tenho a mínima idéia de por que ele foi o alvo.
ZH - Como o senhor se sente ?
Todd - Sei que as coisas eram diferentes naquela época, mas adoraria ter a chance de perguntar: "por quê"? Não entendo por que eles tinham de levar meu pai e deixar a minha família destruída. Todos os dias algo me lembra que um homem foi morto sem razão e que, em sua maioria, os assassinos ficaram impunes.
Nota:
É muito fácil responder ao Todd aonde estão os assassinos do seu pai.
Estão há oito anos se disseminando na administração pública do Brasil
e podem ganhar mais quatro anos de desmandos com a tragédia que seria a vitória
de Dilma Rousseff, uma das integrantes daquela organização de guerrilha
que matou o pai de Todd, o capitão Charles Chandler.
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