As ruas de várias cidades italianas foram tomadas ontem por manifestantes exibindo em faixas, cartazes, gestos e palavras de ordem toda a indignação com a atitude do senhor Luiz Inácio, ao apagar das luzes do seu governo, de conceder asilo ao terrorista comunista Cesare Battisti.
Partidos de todo o espectro político do país, tanto da coalizão conservadora de governo quanto da centro-esquerda, estiveram dando suporte aos protestos ocorridos em Milão, Veneza, Nápoles, Palermo e diante da embaixada brasileira no centro histórico de Roma.
A recusa do ex-presidente brasileiro no dia 31 de dezembro último em extraditar Cesare Battisti, condenado pelo assassinato de quatro trabalhadores, desencadeou uma onda de estupefação em toda a Itália. Milhares de pessoas participaram dos protestos.
Inicialmente, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi havia reagido, pedindo o retorno do embaixador da Itália no Brasil para conversar sobre o assunto. O premiê italiano anunciou que lutaria contra a decisão de Brasília. Mas ontem mesmo, no entanto, Berlusconi disse que o caso não afetará as relações diplomáticas Brasil-Itália.
A fala do polêmico líder teve como estratégia não atingir o novo governo de Dilma Rousseff por causa da vergonhosa iniciativa de Lula. Berlusconi reforçou as relações com o Brasil: “O Brasil é um país com o qual temos uma antiga e firme amizade. O caso não tem a ver com a relação entre os dois países, é só uma questão judicial”.
Entretanto, líderes de direita e esquerda na Itália, assim como analistas brasileiros, pensa diferente de Berlusconi, entendendo que a situação é também política, pois trata-se de um terrorista que matou inocentes por motivações puramente ideológicas.
Evitando levar a polêmica para as relações com a nova administração que se inicia no Brasil, Silvio Berlusconi destacou, por outro lado, que seu governo aprovará medidas para que a questão seja levada ao Tribunal Penal Internacional, em Haia.
Cesare Battisti, que ainda se encontra preso em Brasília e teve sua extradição aprovada pelo Superior Tribunal Federal, foi alvo de duros discursos durante as manifestações nas cidades italianas, inclusive por filhos e outros parentes das suas vítimas.
O terrorista foi membro do grupo Proletariados Armados pelo Comunismo (PAC), sigla que coincidentemente é a mesma do maior programa social do governo Lula e feito para alavancar a imagem da sua então ministra e candidata Dilma Rousseff.
O PAC de Battisti era um agrupamento radical e armado que matou várias pessoas nos anos 1970. Ele foi considerado culpado junto com outros membros da milícia pelos assassinatos de quatro pessoas consideradas inimigas das idéias comunistas.
Matou um guarda de uma penitenciária, um investigador especializado em organizações terroristas, um açougueiro e um joalheiro. Os crimes ocorreram entre 1978 e 1979. No ano de 1993 Cesare Battisti foi condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana.
Ele fugiu da prisão em 1981, tendo vivido oito anos clandestinamente no México antes de se mudar para a França, onde reconstruiu sua vida protegido pelo governo socialista, que era contra extradição de ex-membros de grupos armados “arrependidos”.
Em 2004, o ex-militante abandonou Paris depois que o Conselho de Estado francês aboliu essa política. Emigrou então para o Brasil, onde foi preso três anos depois, a pedido da Interpol. O Supremo defendeu sua extradição, mas Lula impediu. Segundo o diário italiano Corriere della Sera, representantes do governo italiano entraram com recurso perante o Supremo Tribunal Federal, em Brasília, a fim de evitar que Battisti saia da prisão no Brasil. Por causa do recesso do Judiciário, ele fica na cadeia pelo menos até fevereiro. Depois virá o carnaval de liminares aqui e na Europa.
Fonte: Jornal de hoje
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1 comentários:
Muito bom.
Gostei mesmo.
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