Final da tarde de quarta-feira, os ônibus haviam conseguido fazer na manhã uma coisa praticamente impossível, o de tornar o trânsito da cidade mais caótico ainda pararando de circular por duas horas e obrigando a que milhares de passageiros continuassem a viagem a pé, cai na minha bacia das almas um texto sobre outro tipo de fazedor de caos, o Carnatal. Não tem assinatura. Mas o cara que escreveu sabe das coisas e está antenado com os problemas da aldeia onde mora, onde moramos. Pensa como a grande maioria das pessoas lúcidas. O que ele acha dessa loucura absurda chamada de micareta (não sei porque micareta, mas a palavra estava na boca das meninas da televisão) é perfeita e politicamente (argh!) correta. Assinaria embaixo. Por isso transcrevo o texto por inteiro:
"O nome já é de extremo mau gosto. Impressiona-me como o evento é artificial, comercial, enganador. Trata-se de um evento de uma empresa privada, totalmente apoiado pelo poder público para benefício de poucos.
Vejamos o apoio oferecido pelo poder público: Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, STTU, DETRAN, Hospitais, SAMU, Guarda Municipal, iluminação pública, limpeza urbana, etc., etc. Não se tem ideia desse custo. Atentem para algumas coisas relevantes: economicamente é uma grande sangria para a nossa cidade. Vejamos: as camisetas, os abadás são confeccionados na Bahia (mas o dinheiro sai daqui); os músicos e os famigerados trios elétricos vêm da Bahia e levam de volta para o Senhor do Bonfim todo o nosso dinheiro, verdadeira fortuna. Saem daqui rindo do povo. Não cantam quase nada. É só “mãos para cima", “sai do chão", “para a direita", “para a esquerda". E o povão obedecendo imbecilmente. Dá pena tamanha ignorância.
Até problema social que o governo deveria evitar, existe. Parte da população gasta sem poder, deixa de comer, muitos assalariados passam 10 meses pagando por uma roupa ridícula que chamam de abadá, gerando problemas financeiros dentro de casa. Pois não se enganem: poucos podem arcar com os custos do Carnatal. Se é problema de cada um? Será mesmo? Será que o problema social não é de todos e do governo, principalmente?
A empresa privada que promove o evento fatura de todos os lados, já que tudo é patrocinado, teria que pagar muito imposto em razão disso. Por que será que é apoiada pelo Governo? E o mais absurdo é que se diz que o evento promove desenvolvimento e gera emprego... Durante 4 dias? Que emprego? Segurar corda? Além do prejuízo social, é grande o prejuízo do comércio.
Converse com alguém do empresariado responsável. O Estado fica mais pobre. Tal evento para que houvesse benefício para a coletividade, deveria ser taxado. Seja na forma de IPTU, ISS ou outro que o valha. E o dinheiro que vai para o caixa da empresa promotora? É declarado para ser taxado pelo Imposto de Renda? É aplicado em nossa cidade ou também sai para investimentos financeiros?
Dizem que a cidade ganha em prestígio, que aumenta o turismo, etc. Alguém tem como provar tal afirmação? Claro que alguns segmentos conseguem um lucro extra: hotéis, motéis, bares, restaurantes. Vendedores ambulantes. Mas apenas durante o evento, três, quatro dias. E depois? O assunto é relevante e deve ser discutido sem emocionalismo. E o transtorno para a população que mora no entorno? O trânsito vira um inferno.
A título de informação: a Justiça deu ganho de causa ao povo de Recife, de Fortaleza e de outras capitais que se colocaram contra esses carnavais fora de época. Por que a mesma coisa não acontece em Natal?
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