Quando
perambulava por aí, já um quarentão, metendo gol em times de divisões
inferiores, o craque Romário exorcizava os demônios da crítica com seu
estilo “bad boy” de não levar desaforo para casa. O baixinho lembrava alguns gols do rei Pelé.
“Pelé
marcou gol contra a seleção do Exército e valeu; fez gol de paletó na
demolição de Wembley e valeu; mas eu não posso fazer gol contra time da
terceira divisão que vem um monte de babaca encher meu saco”, vociferava o letal matador de goleiros.
É
verdade que nas contas dos mais de mil gols, tanto de Pelé (1.283)
quanto de Romário (1003), há aqueles convertidos contra adversários
irrisórios ou em jogos do tipo “solteiros x casados”, e que ambos não
atingiram tal marca na contabilidade da FIFA.
O
tema do milésimo gol já foi abordado aqui várias vezes e citei os mais
de uma dezena de craques que conseguiram a façanha. As contas fazem
parte dos registros pessoais e jornalísticos e de algumas estatísticas
não reconhecidas pelas entidades oficiais da bola.
Polêmicas
à parte, o importante é que no mundo inteiro houve quem se dedicou a
contabilizar as bolas chutadas pelos artilheiros das multidões. E como
disse o Gérson, “Se houve um jogo, tinha juiz, tinha testemunhas e a bola entrou, então é gol, ora!”.
Pois
é no rastro das mil bolas de Pelé, de Romário, de Gerd Müller, de
Friedenreich e de outros artilheiros que o ídolo do Botafogo, Túlio
Maravilha, segue chutando em gol e anotando tudo. E na segunda quinzena
deste julho começa a contagem derradeira.
O
cara que deu ao glorioso carioca seu único título brasileiro desde o
advento do campeonato nacional nos moldes atuais, rodou pelos cafundós
do Brasil balançando redes em busca de atingir o feito histórico que
consagrou tantos goleadores por aí.
Quando
havia anotado pouco mais de 800 gols, Túlio fez um acordo com a
diretoria do Botafogo, pedindo para realizar o sonho de marcar o gol
1.000 com a mesma camisa que o consagrou, a camisa imortal que um dia
vestiu o gênio maior Mané Garrincha.
Não
importa se os gols foram surgindo em jogos quase de várzea, em
campeonatos pobres nas profundezas do Nordeste ou na invisibilidade das
divisões inferiores paulistas. Afinal, o gol 800 de Pelé foi num 7 x 1
contra o Boston Beacons, dos EUA.
O
que importa agora é que Túlio Maravilha alcançou a contagem estipulada
no acordo realizado com o Fogão; chegou nos 993 gols e vai vestir outra
vez a camisa alvinegra para realizar um sonho de poucos. E o Botafogo
decidiu entrar junto neste sonho.
O
departamento de marketing do clube já está com um planejamento todo
pronto para a grande festa do milésimo gol do seu eterno ídolo. O
“Projeto Túlio 1.000 Gols” prevê uma série de eventos precedendo o
histórico momento. E será anunciado em breve.
Em
princípio, o jogador formará no time sub-23 de General Severiano e fará
algumas partidas já agendadas, tanto oficiais quanto amistosas (como o
Santos fez contra times como o Congo-B e Amigos de Garrincha), em busca
de marcar mais seis gols.
Atingindo
a marca de 999 gols, Túlio será inscrito no time titular durante a reta
final do Brasileirão 2012, mais ou menos a partir de setembro ou
outubro. Os jogos pelo time sub-23 serão transmitidos ao vivo numa
negociação já feita com um canal fechado.
Toda
a programação do marketing foi elaborada para que o gol 1.000 seja
feito no gramado do Engenhão, diante da torcida alvinegra. Até lá,
muitos eventos serão feitos para envolver o torcedor no clima do
milésimo gol, inclusive feijoadas na sede do time.
“Estou
muito emocionado com tudo isso. Túlio é um mito vivo do Botafogo. Há
uma geração de botafoguenses que se formou em função dele. Estamos
fazendo tudo com muito amor”, disse o diretor de marketing Marcelo Guimarães ao Globo Esporte.
Com
a felicidade de um menino no corpo de 43 anos, o atleta não cabe em si
de emoção com a proximidade do grande desejo realizado. E aproveita a
empolgação da torcida com as novas contratações para dizer como quer
fazer o gol 1.000: “num passe de Seedorf”. Que maravilha!
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