Nos idos dos 80 o Brasil tinha muita banda nacional boa.
Bandas cujas músicas eram boas, mas...
... as letras eram ótimas.
O lado negativo dessa coisa positiva, é que elas parecem uma premonição do que vivemos hoje.
Eram letras que invocavam o povo a sair de seu torpor e começar a se movimentar pra preservar seu direito.
O direito de ir e vir.
O direito de ficar.
O direito de ter.
O direito de ser.
Todo dia quando vejo o jornal informando quantas centenas de pessoas foram baleadas desde o último final de semana em São Paulo, endoido.
Sinto meu coração bater rápido e na garganta.
Minha respiração encurta.
Meu rosto fica quente.
E aí eu me lembro de uma música do Plebe Rude que dizia: Até quando esperar a plebe ajoelhar?
Fico me indagando porque será que realmente os paulistanos engolem em silencio a violência a que são submetidos. Especialmente quando todo dia tem alguém com um megafone embaixo do MASP gritando por algum "direito".
É o direito a trabalhar apenas 40 horas por semana.
É o direito a fumar maconha na faculdade.
É o direito a ser gay.
É o direito de ser contra os gays.
Mas ninguém grita pelo direito de existir num lugar ordenado, onde as pessoas podem trabalhar e viver livres de crimes.
A conclusões podem não ser tão politicamente corretas quanto desejáveis, mas que outra conclusão voce pode chegar que não a de que essa cidade está dividida em duas partes: uma metade é bandido, a outra metade é vítima.
Todo mundo está aparentemente feliz com o rótulo que pregou na própria testa e ninguém faz nada para mudar os rumos que esse país tem seguido inexoravelmente.
E agora me vejo metida entre bandidos e vítimas e não me encaixo nem em um nem em outro. Como eu, seguramente há alguns poucos outros e a pergunta que outra banda já se fazia nos idos dos 80 é: Que País é Esse?
Nós fomos alertados e não fizemos nada!
Vale a pena lembrar dessa banda que já cantava:
"A violência fecha o cerco
A maldade toma forma
O Pior dos pesadelos
É aquele que retorna
E cada vez mais fundo corta
Quem não tem nada a perder
Não espera pela paz na morte
E da vida faz a guerra
Enquanto ainda é forte
Esmurra sua cara feia
Rouba o sangue de suas veias
A cidade que já foi
Um dia acolhedora
Se curva, se entrega
À metralhadora
Fria, triste e sombria
Na aparência ainda engana
Ainda encanta até o dia
Que a rajada te alcança
Quem não tem nada a perder
Não espera pela paz na morte
E da vida faz a guerra
Enquanto ainda é forte"
(Capital Inicial - A Lei da Metralhadora)
Ao Bom Combate: há tempo.
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