O texto que mais me chamou a atenção nas minhas leituras dos jornais
foi o comentário de Dora Kramer, no Estadão de ontem. O título é “O bom
do Tio Sam”, que transcrevo por inteiro, na esperança de um dia aí, não
muito distante, os políticos brasileiros - que adoram Miami - possam
também seguir, mais ou menos, o exemplo do modelo político
norte-americano:
- Cada país tem suas peculiaridades, o que se
aplica também na política. Não se trata, portanto, de dizer que o Brasil
deveria copiar um modelo que está a léguas de distância da perfeição e é
alvo de pressões por mudanças, mas há aspectos na eleição presidencial
dos Estados Unidos que são de admirar.
- A começar pelo processo
de escolha dos candidatos, com as eleições primárias nas quais se
expressa o vigor dos partidos no envolvimento dos delegados de base e do
intenso debate que se dá ao longo de praticamente um ano antes das
eleições. Cumprida essa etapa, democratas e republicanos mergulham na
campanha do escolhido.
- Por aqui as prévias, quando existem, são
instrumentos da cúpula, fator de divisão nos partidos e, não raro, de
derrota nas urnas.
- Outro ponto são os debates: nos EUA pautados
pelo embate livre sem restrições de questionamento nem as amarras que
tornam os nossos maçantes, ensaiados, tão assépticos quanto à propaganda
política financiada pelo contribuinte. Até porque não são considerados
programas jornalísticos e devem obediência à lei eleitoral.
- É
de se apontar também o apoio dos veículos de comunicação a esse ou
àquele candidato. Nos Estados Unidos não é visto como ato condenável,
mas como um dever de transparência para com o público consumidor de
informações.
- Os principais jornais e revistas americanos
marcaram posição em prol de Barack Obama ou de Mitt Romney em seus
editoriais, sem que os partidos ou as campanhas dos candidatos vissem
nisso sinais de “conspiração”, muito menos de indicativo à necessidade
de “controle social da mídia”.
- Tampouco a ilegalidade permeia o sistema de arrecadação de recursos para as campanhas.
-
Por fim, o voto facultativo, quase uma regra geral entre países
civilizados. À ausência da reserva de mercado garantida pelo voto
obrigatório, os candidatos a homens mais poderosos do mundo correram até
o último minuto atrás de motivar o eleitor a exercer seu direito de
votar. Detalhes que fazem uma boa diferença”.
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