Por Moisés NaimFolha de S. Paulo
O
debate sobre uma possível catástrofe fiscal, que pode estar iminente
nos Estados Unidos, torna fácil presumir que o país está em declínio. A
incapacidade da superpotência para lidar de maneira rápida e efetiva com
a crise fiscal claramente representa uma fraqueza.
Mas usar esse problema como prova final de que os EUA estão em declínio irreversível é um erro.
Na
realidade, eles continuam fortes e - o que importa ainda mais -
continuam mais fortes do que todos os seus rivais. A economia americana
continua a ser a mais rica e a mais produtiva entre as grandes economias
mundiais. É três vezes maior que a da China, por exemplo.
Os
EUA continuam a ser um dos dez países mais competitivos do mundo, um
dos cinco melhores lugares para fazer negócios e um dos destinos mais
atrativos para o capital dos investidores internacionais.
De
todas as economias avançadas que passaram pelo "crash" de 2008, a
americana teve a mais rápida recuperação. E o país está passando por um
boom no setor de energia...
Novas
tecnologias ampliarão a produção de petróleo e gás natural e reduzirão a
dependência do país com relação à energia importada.
Entre
2010 e 2015, as importações de energia cairão de 49% para 36% do
consumo interno total, e os EUA se tornarão exportadores de gás natural.
Em 2017, o país será o maior produtor mundial de petróleo, superando
Arábia Saudita e Rússia.
O
Citigroup calcula que, nos próximos sete anos, o boom americano do
petróleo e gás natural possa criar entre 2,7 milhões e 3,6 milhões de
empregos novos, elevando o PIB real em 2% a 3% e reduzindo o deficit em
conta corrente em 60%.
E
há também o efeito iPad: a inovação. Embora os EUA respondam por apenas
5% da população mundial, originam 28% das patentes concedidas no mundo e
abrigam 40% das universidades de pesquisa mais conceituadas do planeta.
A
despeito dos problemas do regime de imigração, os EUA seguem sendo o
destino preferencial dos profissionais mais capacitados do mundo.
Por
fim, a população americana é mais jovem, tem mais crianças e está
crescendo mais rápido, via imigração, do que a dos demais países
avançados e da China.
Nos
próximos 20 anos, a força de trabalho do país deve crescer em 17%,
enquanto a das demais economias avançadas crescerá 1%. Na China, a
população em idade de trabalho deve cair pouco mais de 1%.Isso
é uma vantagem, porque expande as dimensões do mercado interno
americano e implica que existam mais trabalhadores para sustentar as
crianças e os idosos.
Nas
próximas décadas, os mercados emergentes devem crescer duas a três
vezes mais rápido que os dos países avançados e responder por mais de
metade da classe média mundial, adicionando mais de 1 bilhão de
potenciais compradores para os produtos dos EUA.
Os
Estados Unidos precisam superar diversos obstáculos antes que possam
explorar ao máximo o seu potencial. Mas nenhum outro país ocupa posição
melhor para se beneficiar das mudanças econômicas, demográficas e
sociais que estão dando forma nova ao planeta. (Tradução de Paulo Migliacci)
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