Quem
não tem cão, caça com Pato, diria um torcedor corintiano botando fé no
genro do Berlusconi. Já no âmbito da mídia pacheca, tentando remendar um
ano de fracassos do jovem Neymar, vale mesmo o que está escrito há zil
anos na máxima do cão e do gato.
Não
contive o riso quando vi o noticiário e as resenhas do mundo esportivo
em apologéticas manchetes para o prêmio que o garoto do Santos foi
receber em Montevidéu, concedido pelo diário El País a partir de votação dos jornalistas latinos.
Meu
riso não foi por desprezo ao prêmio, mas pela exaltação que de repente a
imprensa tupiniquim resolveu dar, em oposto a uma histórica indiferença
com o galardão que começou em 1971 com o jornal El Mundo, da Venezuela,
e que prossegue no Uruguai.
Pergunto
ao leitor, quantas vezes ouviram e viram na TV brasileira o
enaltecimento aos vencedores do troféu “Rei das Américas”, ofertado
agora (pela segunda vez, viu?) ao Neymar? Sabem quem ganhou antes dele,
em 2010? Foi o D’Alessandro, do Inter.
Cheira
não somente à patriotada chinfrim, mas também à hipocrisia o repentino
orgulho midiático com o prêmio que nunca teve tanto reconhecimento no
Brasil, apesar do respeito que a imprensa e clubes do resto dos países
latinos sempre depositaram nele.
Ou
os fãs do Neymar acreditam que mereceu manchetes a entrega ao vencedor
no primeiro ano, em 1971, quando o craque Tostão superou o Rei Pelé?
Mais silêncio foi em 1972 com o peruano Cubillas vencendo também Pelé e
ainda o furacão Jairzinho.
A
babação conveniente da mídia com o prêmio esse ano para Neymar foi
infinitamente inferior ao mesmo feito de 2011. Por que? Ora, porque é
preciso apagar os fracassos nas Olimpíadas, na Libertadores, no
Brasileirão e a pífia votação na Bola de Ouro FIFA.
Agora
é fácil agregar valor ao prêmio do jornal uruguaio. Mas, imaginemos
qual seria a reação pacheca, à época, com o tricampeonato do argentino
Carlito Tévez, que recebeu a honraria seguidamente em 2003, 2004 e 2005.
E o bi de Verón, em 2008 e 2009?
Alguém
avise aí à torcida do Flamengo que Zico foi três vezes ganhador do
troféu, quando estava sob a tutela do jornal El Mundo, de Caracas, o
criador da premiação. O “Galinho” levou em 1977, 1981 e 1982. E que eu
me lembre, nem a Placar deu capa.
Antes
dele, o chileno Elias Figueroa, eterno ídolo do Inter, venceu por três
anos consecutivos, em 74, 75 e 76. No primeiro ano, deixou o potiguar
Marinho Chagas em segundo lugar; e no terceiro ano superou de uma vez só
o próprio Zico e Rivelinno.
O
Rei Pelé só recebeu o prêmio de “Rei das Américas” uma vez, na terceira
edição, em 1973, disputando com o argentino Brindisi (2º) e seu amigo
Rivellino (3º). Outros brasileiros que ganharam uma vez foram Sócrates,
Raí, Bebeto, Cafu e Romário.
Dois
gênios entre os anos 70 e 90 que ganharam duas vezes foram Diego
Maradona (1979-1980) e o uruguaio Enzo Francescoli (1984-1995). O
colombiano Valderrama, que jogou bem menos que eles, também ganhou duas
vezes, em 1987 e 1993.
Já
foram “reis” no mesmo prêmio, Mario Kempes, Romerito, Rubén Paz, Raul
Amarilla, Alzamendi, Oscar Ruggeri, Palermo, Saviola, Marcelo Salas,
Riquelme, Matías Fernandes, Salvador Cabañas e até o apoquentado goleiro
paraguaio Chilavert.
Diante
de tanta festa feita até pela TV Globo com o prêmio do jornal uruguaio
para Neymar, torçamos para que finalmente o Brasil reconheça a sua
importância, e que não volte a ignorá-lo como faz há décadas se em 2013 o
vencedor for um craque da Bolívia.
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