Dilma resolveu aparecer após o tsunami de gente que
tomou as ruas do País no domingo. E se disse aberta ao diálogo, sem
antes, porém, comparar o “Fora Dilma” à marcha chapa-branca da sexta-feira, alimentada por mortadela e trinta e cinco reais.
Foi só o Jornal Nacional exibir as imagens da coletiva de imprensa da
presidente e um novo panelaço explodiu Brasil afora, desde Ponta Negra a
Ribeirão Preto, de Fortaleza ao Leblon, de João Pessoa a Belo
Horizonte. Suas palavras já não são levadas a sério.
O jogo de retórica é um elemento funesto jamais dispensado pelo PT ao
longo da sua história. A mesma Dilma que convocou a imprensa para falar
em diálogo e humildade é a chefa de uma militância intolerante que
prega controle da mídia nas redes sociais.
A mesma Dilma da fala mansa de ontem é uma versão cabocla do tal
exército de Stédile que invade repartições públicas e propriedades
privadas, armado até os dentes com foices, machados e faca peixeira.
Diálogo com a delinquência tem sido a prioridade.
Mais ridículo ainda é a militância petista na Internet, os tais MAVs (Militantes em Ambientes Virtuais), elaborando hashtags do tipo “menos ódio, mais democracia”, como se não fosse o PT o real fundador do estilo assassinato de reputações nas redes.
Se há hoje uma rejeição generalizada ao Partido dos Trabalhadores e a
seus líderes, tal fato não é fruto da intolerância oposicionista, mas
do próprio cinismo petista que após três décadas combatente os partidos
“burgueses”, superou-os em mentiras e malfeitos.
Com a credibilidade despencando a índices risíveis, Dilma, Lula e o
PT vivem agora um processo histórico similar ao que viveu a velha Arena,
o partido de sustentação ao regime militar nos anos 1970. A diferença é
que os generais não foram contaminados.
No auge das derrotas eleitorais da Arena para o MDB, o
general-presidente Garrastazu Médici frequentava as arquibancadas do
Maracanã e era aplaudido enquanto ouvia seu radinho de pilha. Dilma hoje
não pode sair nas ruas, como disse o senador Aécio Neves.
Aliás, quando a geração cara-pintada tomou as ruas no princípio dos
anos 1990 pedindo o afastamento do então presidente Fernando Collor, o
alagoano tinha em torno de 15% de aprovação popular, o que representa
mais que o dobro da aceitação de Dilma agora.
A proposta de diálogo parece surgir numa hora imprópria, quando a
sociedade brasileira demonstra categórica e democraticamente uma
profunda fadiga em relação ao discurso falsamente triunfalista do PT.
Ontem, pasmem todos, Dilma foi afável com a imprensa.
Estava, em verdade, tentando fazer uma emenda no soneto torto que os
ministros Eduardo Cardozo, da Justiça, e Miguel Rossetto, da
Secretaria-Geral, compuseram no domingo logo depois das manifestações
que levaram às ruas mais de dois milhões.
A dupla tentou impor uma pegadinha à Nação estabelecendo que o grito
majoritário das ruas foi por reforma política, ignorando os temas
predominante do impeachment da presidente, do combate efetivo da corrupção e da prisão dos políticos envolvidos.
O que fez Dilma? Centralizou a verborreia presidencial nas questões
da corrupção e da impunidade, oferecendo um pacote mágico onde sua
varinha de condão resolverá tudo em pouco tempo, evidentemente sem
entrar na discussão sobre sua conta no cartório.
Fez jogo de cena, sob aplauso dos súditos, e fez cena de jogo numa
parábola mal colocada, ao dizer que a corrupção no país era uma senhora
idosa. Só esqueceu de avisar que a tal senhora optou na juventude por
terrorismo no lugar do diálogo.
quinta-feira, 19 de março de 2015
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