sexta-feira, 23 de março de 2007
Cidadania de merda!!!
Está nos jornais a notícia de que cientistas descobriram que o cérebro tem uma zona que nos leva a fazer julgamentos morais por impulsos emocionais e não racionais. Em sendo verdade a pesquisa científica, creio que no caso do cérebro nacional, tudo é uma zona só. Somos frutos da instantaneidade midiática, movidos pela emocionante espetacularização do cotidiano.E vejam como age o cérebro brasileiro: durante os meses de exibição do “Big Brother”, esse grande ritual de besteira que assola o país, os patrícios de todas as camadas sociais e cores futebolísticas construiram um conceito sobre cada um dos participantes. Ao saber da incrível capacidade de um tal “paredão” envolver as pessoas, fui buscar informações sobre os confinados da casa global.Descobri, por exemplo, que os audientes fizeram juízo de valor sobre o perfil de cada um deles, estabelecendo na figura de um tal Alberto Cowboy um mau exemplo de pessoa. O povo rejeitou as armações, o mau-caratismo, as dissimulações, a falta de ética do rapaz na convivência em comunidade. E quando chegou a hora do julgamento, viu no Cowboy apenas um bandido sem civilidade e votou a favor de uma moça chamada Analy.Agora vem a parte mais incrível do povo brasileiro. Foram mais de 55 milhões de telefonemas feitos para a central do programa Big Brother, ou seja, cerca de um terço da nação se mobilizando para fazer justiça no tribunal da mediocridade televisiva. E mais de 85% desses bestas que ligaram para a Globo optaram na condenação daquele que mais expressava um mau exemplo de cidadão.Estamos vivendo uma democracia fajuta há pouco mais de duas décadas, com uma sequência interminável de escândalos e uma epidemia de corrupção que já contaminou todas as instituições e o tecido social. Nos últimos quatro anos de safadeza petista, dezenas de salafrários foram pegos com a mão no erário e estão por aí, lindos, leves e soltos, literalmente.Entra eleição, sai eleição, e a população mantém sua postura impassível diante dos descalabros, mandando para os cargos públicos gente sem a menor estirpe, legitimando com o voto as eternas práticas maledicentes e criminosas. Não se vê qualquer indignação na hora da tal “festa cívica”, um só telefonema de protesto contra o mau-caratismo de tantos. Será que nossa única saída é estabelecermos uma “democracia de paredão”? Que a TV Globo assuma, então, as rédeas do nosso destino e o leme da Justiça Eleitoral, fazendo de cada magistrado e fiscal um Pedro Bial do sufrágio universal. Confinemos os homens públicos nos palácios, ouçamos suas propostas em edições diárias e olhemos suas posturas por vários ângulos, em câmeras espalhadas por todo o país. E com uma grande rede telefônica no 0800 para que assim expressemos nossa opinião e exerçamos nossos mais democráticos direitos numa cidadania lúdica e ridícula com a verdadeira cara do Brasil.
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