É de Reinaldo Azevedo, em sua coluna da Veja online, o texto de hoje, sobre o arremedo de revolução que a patuléia canhestra teima em botar na ordem do dia.
UNE, MST, Educafro e outras ONGs prometem um dia de luta em defesa da escola pública, por mais verba para a educação, pela erradicação do analfabetismo e, suponho, em defesa do bem, do belo e do justo. A mesma turma que invadiu anteontem a Faculdade de Direito da USP e foi gentilmente retirada pela polícia - sem um único ferido! - promete fazer passeatas, no plural, e depois deve se juntar a professores ligados à CUT. Dia desses, no Estadão, um jornalista ironizava o Cansei porque o movimento não teria uma pauta. Deve gostar desses que se juntam logo mais: eles têm todas.UNE e MST estão cumprindo o seu papel, previsto no programa de seus respectivos partidos: acabar com o capitalismo! Sou tentado a propor que primeiro criemos o capitalismo no Brasil para depois extingui-lo... Os dois têm uma agenda, por mais inábeis que sejam, pautada pela luta de classes. Mas e a tal Educafro? Esta ONG consegue falar macio com empresas e universidades para conseguir "cotas", que ela privatiza, fazendo ela própria o "vestibular" para indicar o merecedor da prebenda. Agora, mostra a outra face.O candidato ao benefício tem, antes, de ser um militante da causa, o que supõe certas tarefas - participar, por exemplo, de protestos como de logo mais. Tal participação rende "pontos". Seu discurso, à diferença do que sugere a figura aparentemente lhana do líder, Frei Davi, é de confronto. A Educafro organiza-se como um partido político de esquerda, impondo a militantes a filiação a núcleos e o cumprimento de tarefas. Uma das provas que fazem para selecionar seus bolsistas é "de cidadania". Reitero: há muito esta ONG merece uma reportagem de fôlego. Certos setores militantes não se conformam que não haja um clima de guerra racial no Brasil.E quase certo que o chororô de suas reivindicações ganhe os jornais sem qualquer forma de crítica organizada. Mal posso esperar por aquelas aspas do "povo", evidenciando o saber natural e telúrico das massas - na verdade, dos militantes -, para poder contrastar com a alienação dos burgueses que se opõem ao "presidente operário". Evidentemente, os manifestantes estarão blindados contra a ridicularização. Poderão cobrar o seu socialismo sem que sejam confrontados ou importunados pelos adjetivos da repórter crítica. Afinal, seus óculos escuros foram comprados no camelô da esquina e não são da Gucci. Não há dúvida de que isso é uma prova de superioridade moral. Se você assistir àquele vídeo do PT que postei anteontem, verá que é esse o caminho apontado pelo partido. É o que a legenda chama de "mudar a sociedade".A Polícia Militar deve ficar esperta. Como a retirada dos invasores, ontem, se deu sem o mais remoto traço de violência, é quase certo que a ordem hoje seja buscar o confronto. Na última concentração de professores da CUT, 21 policiais ficaram feridos. Essa gente está doida para cravar a pecha de "truculento" no governo José Serra. Aquele setor de sempre da mídia, como vocês sabem, é isento e equilibrado. Está sempre pronto para ouvir os dois lados: um sempre acusa, e o outro é sempre obrigado a se defender. Trata-se de uma estranha noção de equilíbrio.Escondam suas crianças. Os tontons-macoutes estão à solta. (Reinaldo Azevedo)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário