O jornalista Fernando Rodrigues está em Washigton, cobrindo a eleição presidencial americana para a Folha de S. Paulo e a TV UOL, onde diariamente aparece fazendo comentários sobre o desenrolar da corrida à Casa Branca. Observador privilegiado, conferindo in loco todos os elementos políticos, sociais, econômicos e culturais que fomentam uma eleição majoritária no mais importante país do planeta (única e verdadeira democracia), Rodrigues tem uma visão distinta dos colegas de Pindorama. Para começar, consegue diferenciar a realidade do formato eleitoral americano dos índices das muitas pesquisas de opinião. Só quem acompanha diariamente a disputa, a partir do noticiário e das análises produzidos nos EUA, estranha a tal “Onda Obama” do noticiário tupiniquim.
Na entrada que deu ontem à noite na TV UOL, ainda no ar no portal homônimo, Fernando levantou uma dúvida que é minha há muitos meses: por que o “fenômeno” Barack Obama não consegue botar mais de 10 pontos sobre John McCainn? Que reencarnação de Kennedy é esta que se mantêm numa acirrada disputa contra um aparente enfraquecido candidato que representaria o continuísmo do rejeitado e impopular governo George W. Bush? Por que o “negão” não dispara?
O correspondente da Folha enxerga o que alguns analistas norte-americanos vêm destacando em recentes avaliações sobre a reta final da campanha. Há uma diferença entre a vantagem numérica de Obama em algumas pesquisas e a realidade que pode sair das urnas em novembro. Nesta última semana, os índices começaram a variar entre 4 e 7 pontos percentuais em favor do candidato democrata, demonstrando nova reação do republicano que chega a empatar rigorosamente em vários estados.
O fator Al Gore ainda assusta os democratas.
Outro assunto que invariavelmente confunde os jornalistas e intelectuais de Pindorama, principalmente alguns acadêmicos de boteco, com suas paixões esquerdopatas vomitando regras em blogs aqui de Natal, é sobre o posicionamento ideológico de Obama. Incrível como estes ensaístas da cegueira (desculpe o Saramago) se equivocam em relação à política norte-americana e seu tabuleiro partidário. Pra essa gente que só enxerga a ética de Zé Dirceu, a candidatura de Obama, por ser anti-Bush, é de esquerda. Calma, manés! Vocês precisam parar um pouco de rabiscar monografias e ler artigos de colegas engajados, e tentar algumas vezes acompanhar o que se publica na imprensa dos EUA. Candidato de esquerda por lá, otários, tem no máximo 1,5 ponto percentual. O que Barack Obama e John McCainn têm em comum, anotem, são os mesmos conceitos ideológicos de uma sociedade capitalista, protestante e totalmente oposta a teorias com viés marxistas.
O marxismo, aliás, só é moda nas universidades públicas da América Latina.
Dependesse do devaneio de algum zé mané que rabisca poesia de concurso estatal como se fosse uma revolução literária, o senador Obama sairia pelo Mississipi distribuindo bolsas disso e daquilo, ou então viria para Natal ajudar o PT a eleger um vereador em 2010, e de quebra ainda lançava um livrinho de crônicas sobre “militância sindical no meio ambiente do magistério onanista-literário da taba de Poti”.
Sei não, mas tenho a impressão que sem os votos da intelectualidade virtual papa-jerimum, o Obama acaba pisando no tomate.
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