Caetano Veloso resumiu uma vez o lado anti-civilização do Brasil com uma constatação das ruas: "que país é esse onde parar no sinal vermelho é ser otário?". Já registrei aqui o lado mais positivo do espantoso crescimento econômico da China, a Educação. E já lembrei que a sociedade brasileira deu 1% de votos a quem pregou a Educação como mola propulsora do futuro.Ontem, os chineses, juntamente com o governo, deram mais uma prova de que sabem o melhor caminho para o progresso. E apesar de não pregarem a democracia ocidental, se dedicaram a preservar uma das grandes instituições democráticas: a fila. Foi lançada em Pequim uma campanha para evitar o 'fura filas".Os chineses querem mostrar ao mundo, durante as Olimpíadas de 2008, que são educados e respeitam o espaço e a vez dos outros. Carregando faixas vermelhas e alto-falantes, milhares de participantes da campanha ganharam as ruas pedindo aos transeuntes para respeitarem as filas nos pontos de ônibus, metrô e outros locais.É uma decisão simples, mas de efeito educativo importante. Algo que falta no Brasil, como, por exemplo, uma campanha incentivando os motoristas de Natal a não se arrastarem pela faixa esquerda, coisa que a STTU já podia ter feito mas infelizmente não há vida inteligente por lá. No começo do verão, a Polícia iniciou uma acanhada campanha contra o barulho no litoral, mas parece que só a campanha se calou.A barbárie no trânsito é reproduzida nas relações humanas em Natal. Gente metida a culta enfia seus carrões Pajero na frente dos demais, furando a fila nos sinais. Outros atiram sujeira pela janela do carro, ato que é incentivado pela exagerada distribuição de panfletos nos sinais, atirados dentro dos automóveis e que são devolvidos à via pública. Os bueiros e nossa saúde agradecem.Autoridades natalenses precisam tomar um porre de civilização, nas grandes cidades do primeiro mundo, para entenderem que a vontade de um grupo não pode impor sujeira, barulho e intranqüilidade a outro, por mínimo que seja a quantidade de cidadãos. Ninguém tem o direito de impedir o sono de outro, não se pode obrigar uma empresa a fechar suas portas por causa de eventos ditos populares.A mídia local precisa urgente deixar de atender as vaidades de minorias abastadas e olhar para a maioria silenciosa que não tem acesso a políticos ou a jornalistas. Somos quase um milhão de habitantes, se computada a população flutuante de parentes e amigos que por aqui passam, além dos turistas. Nada, nenhum evento realizado aqui atrai a maioria, só pra ficar na quantificação estatística.Por aqui, pobre se educa com os pés no chão, rico se deseduca com o pé no acelerador e a mão no freio das leis. Quem estiver pensando o contrário, que vá pra China. E aprendam o básico das relações humanas.
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