As manchetes tiraram o plebiscito de Dilma da vitrine. Em seu lugar
aparecem a espionagem norte-americana no Brasil e a importação de
médicos, só que os cubanos teriam perdido a vez. O governo brasileiro
sorri agora para os portugueses e espanhóis. O salário do médico cubano
(10 mil reais) não seria pago a ele. A grana cairia diretamente na conta
do governo democrático de Cuba. O governo de Brasília não teria
concordado com essa terceirização made in Fidel Castro. Bom, mesmo tendo
saído das manchetes, o plebiscito de Dilma continua nas páginas dos
jornais, mote de colunas e de blogues, aqui e acolá de um editorial. Na
feira de São Paulo Potengi ninguém fala desse plebiscito, o que se fala
mesmo por lá é sobre uma enquete levantada pelo blogueiro Silvério
Alves: A feira deve continuar no domingo ou noutro dia da semana?
Pelo
movimento das repostas, a maioria está querendo que a feira não seja
mais no domingo, contrariando uma tradição de cem anos. Foi de uma
feira, nos idos de 1911, 12, que surgiu o arruado do Juremal, berço da
futura cidade de São Paulo do Potengi, município criado em 1943. Se eu
fosse votar, votaria não. Não sendo no domingo deixaria de bater os meus
papos com mestre Ambrósio Azevedo e tantos amigos de fé camarada que
tenho por lá. Domingo é o dia desses encontros, que começaram à sombra
do Monsenhor Expedito, lá se vão 50 anos. Bom, mas a questão está ligada
mais às pessoas que moram e vivem em São Paulo do Potengi. O meu canto,
nas Queimadas (Lagoa de Velhos) fica 20 quilômetros mais adiante, na
mesma ribeira.
Na esteira dessas consultas ao povo, aparece uma
sugestão do escritor e cronista Carlos Heitor Cony. Na sua coluna de
domingo, na Folha de S. Paulo, ele fala de um Plebiscito sobre
plebiscito. Sim, ouvir o povo sobre esse rumo, se necessário ou não
sair de casa para responder à pergunta palaciana. Vejamos a proposta de
Cony:
Não sabemos se a ideia do plebiscito foi de dona Dilma ou
de algum assessor dela. De qualquer forma, foi ingenuidade ou esperteza
para ganhar tempo e deixar arrefecer os protestos das ruas. Impossível
que não houvesse uma alma para lembrar que a sugestão seria impraticável
pela sua complexidade e falta de tempo.
Uma vez invocado o
recurso, que vem lá de trás, do direito romano, seria o caso de convocar
o plebiscito para que o povo se manifestasse sobre a necessidade ou não
de um referendum. Seria uma consulta viável. Plebiscito ou referendum
foram feitos para provocar respostas precisas: sim ou não.
Foi
assim quando o povo decidiu sobre a Monarquia ou a República, sobre o
parlamentarismo ou o presidencialismo, sobre a venda de armas. Com a
resposta do povo, que seria rápida e bastante, dona Dilma poderia partir
para a etapa seguinte, fazendo um mix das medidas (ou pactos) que
acalmasse o povo.
Algumas das propostas da presidente Dilma
Rousseff, como o fim do voto secreto nas eleições do Congresso Nacional,
a ficha limpa para que qualquer cidadão possa exercer função pública e
os royalties do petróleo poderiam até ser objeto de emendas
constitucionais.
Onde a porca torce o rabo é na mais importante e
necessária reivindicação popular: a reforma política. Não poderia ser
respondida com um sim ou um não. O próprio governo, com ou sem a
colaboração do Congresso Nacional e/ou do Supremo Tribunal Federal,
proporia a reforma política em todos os seus meandros.
Aí sim,
seria convocado não um plebiscito, mas um referendum em que o povo
aprovaria ou não a proposta da reforma política, na base do sim ou do
não.
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